Sua filosofia era caracterizada pelo dualismo entre espírito e razão, natureza e Deus. Uma transformação da filosofia platônica, acrescida da contemplação mística, era considerada pelos neoplatônicos como o único meio que leva ao conhecimento.
Logia sempre foi uma palavra atribuída à ciência de alguma coisa, como biologia, tecnologia etc. Mas isso não está incorreto. O conceito por trás da palavra logia encerra muito mais do que o simples conhecimento sobre uma área de estudo qualquer, como explicado acima. Nos dias de hoje, falar em logia significa associá-la a algum mecanicismo, o que para nós, ocidentais, é perfeitamente natural. Fomos assim ensinados a interpretar o conhecimento nas escolas, nas faculdades etc. Então, com olhos e conhecimentos adquiridos nos estudos científicos e com a visão ocidental do conhecimento, como olhar para a palavra Ufologia e identificar uma ciência? E como encarar o conceito, as ações, teorias e tudo mais que ela envolve?
A Ufologia atual não incorpora, na íntegra, o verdadeiro conceito da palavra logia, pois exclui a expressão do sentimento, do dualismo e do feeling, para ser mais moderno. Baseia-se hoje na segregação de valores e crenças, no uso e abuso do poder, na luta de vaidades, na ridicularizarão do que não se compreende.
A Ufologia ainda está muito longe da integração entre o espírito e a razão. Muito longe de ser ciência, pelo exato significado desta palavra. E sob esta visão percebe-se que falta algo de substancial, pois o estudo por trás da Ufologia não utiliza seu próprio conceito. Falta algo aqui. Algo está capenga. Como, então, queremos chegar a ter conhecimento de alguma coisa a seu respeito? Como construir uma ponte faltando pilares? É natural que um dia comece a ceder e caia. Ou melhor, nem possa ser erguida.
Chegamos assim a uma primeira conclusão: a de que a Ufologia, em seu conceito original e intrínseco, como ciência, não existe. Pois para existir seria preciso um todo e não somente as partes. Logo, conceitualmente, que a figura do ufólogo tampouco existe. Mesmo que se alegue que se está estudando as partes para atingir o todo.
Seria isso verdade? Oras, buscando no fundo da consciência, que ufólogo pode de fato afirmar que estamos considerando neste estudo todas as partes envolvidas? Não estamos, deliberadamente, nos esquecendo de estudar algo mais? E estudando somente umas poucas partes e ignorando outras, é possível afirmar alguma coisa concreta e definitiva?
Essa primeira conclusão é surpreendente e leva a uma constatação: se a Ufologia não existe, o que os ufólogos estão pesquisando, exatamente? Qual é o objetivo de todo este esforço? Na verdade, podemos verificar que estamos estudando apenas um apanhado de informações muitas vezes desconexas, sem sentido, um punhado de evidências, de fotos, filmes e relatos de observações de UFOs.
Mas, isso nos leva de fato a algum lugar? E se levar, esses resultados parciais realmente interessam? Quem, além de nós, pesquisadores, estudantes e simpatizantes, se interessa pelo chamado Fenômeno UFO?
Reconheço o esforço do batalhão de pessoas que o pesquisam de longa data, os que deram e os que ainda dão sua valorosa contribuição para o entendimento da questão, através de revistas, jornais, programas de televisão, congressos ufológicos etc.
Sem este esforço não poderíamos estar aqui, agora, discutindo sobre o fenômeno. Não haveria elementos suficientes para isso.
Igualmente, reconheço o aumento da divulgação da fenomenologia ufológica nos meios de comunicação, e isso é importante. Mas há tempos andamos em círculos, sem muitos resultados práticos.
Marketing é bom, mas não pode ser só isso, pois, sem conteúdo, não durará muito. Não há, enfim, o desfecho necessário para um engajamento maior de toda a população e, principalmente, da comunidade científica.
Simples notícias de avistamento de UFOs, de obtenção de novas fotos e filmes, de depoimentos de celebridades etc, já não sustenta mais algo que pretende ser uma ciência. E a pergunta que sempre fica no ar depois dessas notícias é: e daí? Simplesmente, o que elas acrescentaram ao estudo do assunto?
O que essas notícias veicularam que já não tenha sido falado antes? Enfim, mudam as cenas e os personagens, mas as perguntas permanecem: E daí? Qual a conclusão? O que isso vai mudar?’
Os ufólogos têm contribuído para o aumento do conhecimento existente hoje sobre o Fenômeno UFO, mas, igualmente, têm contribuído para afastar as pessoas dele. Extremistas se encarregam disso, sejam os da razão ou os do espírito. É necessário um equilíbrio, que ainda não existe. As dificuldades e resistências impostas pelo surgimento de seitas e fanáticos ao redor do tema, bem como de céticos intolerantes, têm contribuído para o atraso das descobertas.
E pior, têm afastado pessoas que poderiam contribuir com seu conhecimento, que preferem continuar na sua busca solitária a que expor suas idéias diante de pessoas extremistas.
Portanto, não há comunhão de idéias, não há diálogo e, mais uma vez, não há união entre espírito e razão. Depois disso tudo, chegamos então a uma segunda conclusão: por que a Ufologia não decola?
Porque ainda não usamos a ciência no seu real significado. Estamos apenas brincando de fazer ciência, construindo um castelo de areia.
Roberto Herrera Arbo é engenheiro eletrônico e fundador do primeiro fórum de debates sobre Ufologia na internet, a lista Terráqueos.
Roberto Herrera Arbo