Ovnis à Portuguesa
Eles visitam-nos e raptam-nos
“Encontram-se todos os meses. Estudam aparições marianas, OVNIS na Antiguidade, mutilações de gado.
As abduções são os fenomenos mais especias. o Interesse tem vindo a crescer. Palavras e desenhos de alguem que diz ter sido raptada por extraterrestres. Ficheiros Secretos a Portuguesa.”
Eles andam ai. Objectos voadores não identificados (ovnis), objectos submarinos não identificados (osnis), varetas voadoras ou fenomenos intraterrenos e plasmoides.
Surgem do espaço, do mar, da terra ou de lado nenhum. Há mesmo quem afirme ter sido raptado por esses seres e levado para uma nave onde lhe fazem experiencias.
Realidade ou ficção? É o que a Associação de Pesquisa OVNI (APO) tenta esclarecer. Uma entidade fundada em Junho de 2001, única neste ramo em Portugal, que se dedica à investigação investigação e discussão destes fenomenos.
Nos primeiros sábados de cada mês, pelas 18h, a APO reune-se numa sala emprestada pela junta de freguesia de São Paulo, em Lisboa. A entrada é livre e segundo Luis Aparicio, o Presidente da associação, a procura tem vindo a crescer.
“Já há algum tempo que andamos à procura de gruos portugueses que falassem deste tema, mas sempre sem sucesso. Até que encontramos o site da APO e decidimos vir à palestra”, conta Cristina, que se estreou nestes encontros em Fevereiro de 2004. Confessa acreditar na existencia de outros seres, justificando que “não se pode negar uma coisa que por não haver provas cientificas. Afinal não há provas que Deus existe e toda a gente acredita”.
Estes encontros que se iniciaram em Outubro de 2003, “servem para as pessoas tirarem duvidas, relatarem as suas experienias, exporem os seus pontos de vista e trocarem ideias”, explica Nuno Silveira, um dos fundadores. Desde então já se debateram os avistamentos no espaço, as aparições marianas, os ovnis na Antiguidade, as abduções – raptos por extraterrestres – ou, mais recentemente, os circulos no trigo.
“A Ovnilogia não são só avistamentos. Há abduções, aparições marianas, mutilações de gado, osnis, varetas voadoras, fenomenos intraterrenos. O avistamento é o mais banal”, explica Luis Aparicio. “Estamos a abordar todas as vertentes da fenomenologia ovni, que até agora não eram estudadas”, diz.
A APO foi fundada por Luis Aparicio de 50 anos, Pedro Salgado de 34, e Nuno Silveira de 21, que em comum tinham o seu interesse pela ovnilogia. Luis Aparicio iniciou-se na investigação deste tema em 1979, no Centro de Estudos Cosmologicos e Parapsicologicos (Cecop), e em 1995 ingressou na Associação Portuguesa de Pesquisa Ovni (APPO), da qual Nuno Silveira, com apenas 10 anos de idade, também fazia parte. Ambas as associações fizeram algum trabalho de campo, explica Nuno Silveira, “iam de terra em terra, por Portugal fora, perguntando às pessoas se tinham visto ovnis”, e visitavam locais com “historial”, como por exemplo Mértola, onde segundo Luis Aparicio existem muitos casos de avistamentos.
Pedro Salgado juntou-se a Luis e a Nuno em 1999, durante um coloqui sobre ovnilogia em Cascais, e dois anos depois decidiram criar a APO, uma vez que as outras associações já estavam extintas.
O objectivo desta associação é, segundo Nuno Silveira, “compreender o fenómeno ovni, investigar, recolher informações, dar a conhecer e instruir as pessoas. É encontrar provas sólidas da realidade do fenomeno e impedir que as crenças nos ovnis se baseia na fé incindicional e na ausencia de provas”.
“Considero que qualquer fenómeno que desafia uma explicação merece uma resposta e o fenomeno ovni enquadra-se nesta situação”, continua Nuno Silveira, contanto ainda que depois das décadas de 70 e 80 do seculo XX deixou de haver investigação e que ” a PO nasceu para colmatar essa lacuna”.
Além das palestras, a APO dedica-se à investigação. Fazem visitas a locais especificos em Portugal, onde ocorrem certos fenomenos; acompanham pessoas que dizem ter sido abduzidas e afzem vigilias em pontos estrategicos, à espera de er passar um ovni ou outro fenómeno.
Esta investigação requer o uso de instrumentos especificos, raros em Portugal. “Já existem detectores de ovnis”, diz o presidente da APO, mas “faz-nos falta, por exemplo, um contador Geiser, que detecta radiações alfa, beta e gama e neutrões. É um aparelho essencial para quem investiga a ovnilogia, visto que muitas vezes os ovnis deixam manchas queimadas e radioactivas, e este aparelho permite detectar se a zona ainda está radioactiva ou não”, Também importantes são as “camaras com “chips”, de CCD, que se colocam viradas para o ar, à sombra, para captar imagens, que depois são observadas fotograma a fotograma. Muito úteis para detectar varetas voadoras”, refere o mesmo responsável.
Contudo, o processo não é facil. “Acho que temos evoluido enquanto associação, mas é dificil irmos a correr para investigar sempre que acontece qualquer coisa, uma vez que tanto eu como o Luis trabalhamos e o Nuno estuda”, explica Pedro Salgado. Conscientes do cepticismo da sociedade em relação a este tema, Nuno Silveira e Pedro Salgado dizem que investigar, procurar e apresentar provas é a unica forma de mostrar aos cépticos que existem coisas que são explicaveis e que devem se estudadas.
Carla Batista: Lembro-me de passar pela lua e eles explicarem que de um lado era minério e de outro lado uma base.
Carla Batista tem 28 anos e garante ter sido abduzida, ou seja, raptada por extraterrestres. Experiencias que conta terem começado na infancia mas que ganharam uma maior proporção na adolescência, quando comecou a acordar com marcas no corpo. Uma imaginação fertil ? Pelo menos ela acredita.
Conte-me a sua experiencia.
Quando era pequena tinha terrores nocturnos, acordava doente, sonhava que me vinham buscar. Muitas vezes sentia-me paralisada, queria gritar e não conseguia. Quando entrei na adolescencia comecei a ter certos “flashes” de memórias, em que via coisas acontecer. Em 1996, tinha eu 21 anos, acordei a meio da noite com um som horrivel, parecia que os meus ouvidos iam explodir. O meu quarto estava completamente inundado por uma luz azul brilhante, parecia que tinha vida. Eu não me conseguia mexer. Entrei em pânico e tentei gritar, mas o grito não saia. Consegui mexer um bocado a cabeça, e não me lembro de mais nada. Lembro-me depois de estar na cama, de barriga para cima com os braços ao lado do corpo, e de ouvir outro grande estrondo por cima do prédio que ia aumentando gradualmente até se tornar insuportavel. No dia seguinte de manhã, reparei que tinha um corte muito perfeito e rosado, por cima do peito; estava toda negra entre as pernas e nos braços tinha marcadas dedadas negras, como se alguém tivesse agarrado à força.
Esta foi a primeira experiencia mais marcante e de que me lembro melhor. Só que desde criança que, no meu dia-a-dia, fazia coisas que não eram normais: adivinhar o pensamento das pessoas, tinha pressentimentos; conseguia transmitir pensamentos às pessoas. O que baptizei de hipersensibilidade, para explicar o que me aontecia e acontece.
Quantas experiencias daquelas teve?
A que me lembro melhor foi a de 1996. A partir daí, as coisas aconteciam-me de noite e eu lembrava-me de algumas partes no dia seguinte. E cheguei a acordar várias vezes com nodoas negras no corpo. Mas não podia dizer a ninguem. Tinha medo que me achassem maluca. Até 1996 sentia que as coisas me aconteciam, mas só me lembrava de parte. Mas depois daquela experiencia mais forte, comecei a lembrar-me de coisas que tinham acontecido hà muitos anos e passei a lembrar-me melhor do que se foi passando dai para a frente. Por vezes chegava a pensar que tinha sido um sonho, mas depois acordava com as marcas no corpo e ai sabia que tinham acontecido mesmo.
Quantas vezes acordou com essas marcas?
Imensas vezes. Em 1998, quase todos os meses acordava com esses marcas. Mas depois, entre 1999 e 2003, não me aconteceu nada. Ou se aconteceu não me lembro. Mas passei por outras experiencias.
Há quanto tempo não lhe aparecem as marcas?
Há algum tempo. Aultima marca que me apareceu foi na barriga, em Março deste ano. E até tirei uma fotografia para ficar como prova. o que aonteceu foi que eu e a minha mãe acordámos a meio da noite a ver luzes azuis e brancas a passear lá fora. acabei por adormecer e na manhã seguinte a minha mãe perguntou-me se tinha acontecido alguma coisa durante a noite. Fiquei a saber que ela tinha visto o mesmo que eu. Ora a minha mãe acordou a queixar-se de dores na barriga e nos ovarios e eu, quando me despi, reparei numa marca pequena na barriga, em forma de coração, desenhado com linhas rectas, com uma pinta no meio. Não disse nada à minha mãe nem a ninguem. Não queria acreditar que aquilo fosse o que eu pensava. Só as 23 horas é que contei à minha mãe. E foi nessa altura que telefonei ao Aparicio para ele vir cá tirar uma fotografia, com medo que aquilo desaparecesse logo. Mas demorou uma semana a desaparecer.
Que outras experencias são essas que mencionou?
Enviaram-me mensagens telepáticas. Uma noite levantei-me, escrevi uma coisa no papel, e na manhã seguinte, quando acordei e fui ver a letra, nem sequer era a minha. Era uma mensagem que explica que o que eles estão a fazer cá – as abduções, a investigação e as experiencias – já o tinham feito antes. E que o estão a fazer é para o bem da humanidade, porque ia servir para desenvolver a espécie.
Lembro-me também de quando era miuda acordar com eles a olhar para mim.
E como é que eles eram?
Tinham várias formas. Eles têm capacidade para assumir formas de coisas que nós estamos a pensar. Via-os a entrar e a dirigirem-se para o meu lado e ficarem a olhar para mim.
Acha que o facto de ter passado por estas experiencias lhe desenvolveu capacidades diferentes das de outras pessoas?
Acho que sim. Talvez tenha desenvolvido a minha capacidade para desenho. E também, naquelas fases de hipersensibilidade, consigo ver coisas que mais niguem vê. Consigo ver se a pessoa está a ser verdadeira comigo ou não. Consigo sentir se as pessoas vêm acompanhadas por espiritos ou não.
O que diria às pessoas para acreditarem em si? Que não é maluca?
Quem quiser acredita, quem não quiser não acredita. Eu sei que passei por aquelas experiencias. Não podia ser um sonho, porque os sonhos não provocam nódoas negras e marcas na pele.
E tem provas?
tenho algumas cicatrizes e no ano passado descobri a maior prova que tenho de que realmente eles me levaram e fizeram experiencias comigo. Detectaram-me no rim esquerdo uma cicatriz cirúgica e , também, que faltavam quatro centimetros.
Eu nunca fui operada aos rins. Quando eu vi a cicatriz no ecrã pensei logo: “Algum teste lá de cima”. Foi a primeira coisa que me veio a cabeça, só que eu não queria acreditar. Mas é verdade. Esta é a prova fisica de que andava á procura. É claro que as pessoas podem continuar a não acreditar. E por isso, além do relatorio, decidi arranjar um atestado da minha médica de familia a dizer que nunca tinha sido operada aos rins.
Lembra-se dos sitios para onde a levaram?
Lembro. De corredores escuros; pilares de cor metálica; salas circulares e de testes; de uma sala enorme cheia de fetos dentro de frascos. Lembro-me de passar pela Lua e de eles me explicarem que de um lado era de onde tiravam minério e do outro lado era uma base. Lembro-me de, quando era miuda, estar numa sala com outras crianças, com bolas metálicas ligadas à nossa mente e cujo objectivo era nós movimentarmos essas bolas no ar.
Porque é que acha que a escolheram a si?
Isto vem de trás. A minha mãe também foi, quando estava gravida de mim. Ela lembra-se de acordar várias vezes com seres aos pés da cama dela. Quando era miuda e era levada e eles me punham a brincar com aquelas bolas metálicas juntamente com os outros, eu era a única que conseguia levitar as bolas. E eles ficavam todos contentes comigo e diziam-me para continuar.
Como se fosse a melhor experiencia deles?
Exactamente. E eu acredito que foi também devido a isso que consegui desenvolver mais força mental. Consigo ter recordações mais fortes do que se passou. Eles não me conseguem fazer esquecer tudo o que me fazem. È claro que há experiencias que são traumáticas que bloqueio.
Está cansada destas coisas que lhe acontecem?
Estou revoltada. Não percebo algumas coisas e há coisas que, se me aconteceram, eu prefiro nem saber. O problema é não poder contar isto a toda a gente. A minha mãe aceita, e as pessoas da associação também, mas o meu irmão ,por exemplo, não sabe nada do que se está a passar porque não aceita. Eu sei o que estou a viver e não posso dizer a niguem. Só aos 23 anos é que contei à minha mãe. A questão da revolta é mais por causa disso. Tenho vontade de pedir ajuda, mas não posso. A única ajuda que poderei ter é psiquiátrica.
Mas no sentido negativo…
Claro. Como se estivessem a tratar uma maluca.
Acha que a APO a está a ajudar de alguma forma?
Sim. Houve uma altura em que eu tinha muito medo da noite. Assim que chegava o pôr do sol entrava em pânico. Dormia de luz acesa, dormia com a minha mãe. E tenho quase trinta anos. Foi então que resolvi pedir ajuda. E fui à APO (antes APPO) porque, depois daquele episodio em 1996, houve uma noite em que acordei com um deles ao lado da minha cama, e então percebi o que se andava a passar. Desde miuda que tinha noção de que hvia outros seres. Só não sei onde fui buscar isso…
Donde é que acha que eles vêm?”
Zetaraticuli. É uma constelação.
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Artigo retirado da revista “Pública” nº425 / 18.07.2004