As marcas, segundo eles, haviam sido feitas por um tipo de tecnologia totalmente desconhecida pela medicina moderna. Nenhum dos médicos chegou a conclusão alguma. O caso foi arquivado e certamente permaneceria esquecido para sempre se não fosse a insistência da professora Encarnacion Zapata Garcia.
Em 93, quando se aprofundava no estudo de casos de animais mortos em circunstâncias misteriosas nos Estados Unidos, Encarnacion tomou conhecimento da história de Guarapiranga e decidiu investigá-la. Parte daquilo que descobriu foi publicado, naquele mesmo ano, pela Revista UFO, editada pelo Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores, de São Paulo. O assunto passou ao largo do interesse da imprensa e permaneceu praticamente distante do conhecimento do público. Este caso, com a profusão de detalhes revelado por Zapata, é o único que se conhece na história mundial da ufologia. De acordo com ela, pode ser a primeira confirmação de que as mutilações feitas em animais – “com certeza por extraterrestres” – também estão sendo feitas em seres humanos.
O depoimento de Encarnacion Zapata Garcia revela toda a extensão do caso: “Tomei conhecimento do Caso Guarapiranga através do meu amigo Rubens Sérgio Góes, médico dermatologista na capital paulista que, por sua vez, soube do mesmo através de seu primo, Rubens Silvestre Marques, perito criminal do Estado de São Paulo, hoje aposentado. Há cerca de um ano, Rubens Sérgio convidou-me para ver uma fotos estranhíssimas. Eram todas de um cadáver encontrado em circunstâncias inusitadas nas margens da represa de Guarapiranga, próxima a São Paulo. Pela descrição que fizera das mesmas, suspeitavamos de algo incomum envolvendo aquele homem morto nas fotos. Mas, quando tive as fotos em mãos, senti um calafrio por todo o corpo.
“Já tinha visto a morte antes, e em varias circunstâncias, mas aquelas fotos retratavam-na de forma bem diferente. Estudei-as detidamente servindo-me de uma lupa potente e anotei tudo o que vi com detalhes. Conforme analisava cada uma das sete fotos coloridas e de dramática realidade, vinham a minha mente as imagens que todos nos conhecemos, de animais mutilados por extraterrestres nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.
“A semelhança entre os cortes e ferimentos no cadáver e os cortes em animais mutilados por ETs em todo o planeta era impressionante, tanto que estranhei que Rubens, um médico, não tivesse ido adiante com uma investigação sobre o assunto – embora tivesse justificado isso com sua falta de tempo. Assim, percebendo meu interesse no caso, Rubens colocou as fotos a minha disposição e seu primo, Rubens Marques, deu-me as coordenadas e um número de telefone para que pudesse dar início a investigação do que parecia ser, a primeira vista, o primeiro caso conhecido no mundo de mutilação de um ser humano por extraterrestres.
“Liguei imediatamente para o número que me fora dado e quem atendeu foi o próprio José Roberto Cuenca, promotor de Justiça e responsável pelo processo criminal sobre o caso. Inesperadamente (pois as autoridades normalmente fogem destes assuntos) o doutor Cuenca mostrou-se muito interessado na questão e, ao mesmo tempo, bem prestativo, marcou a data para uma entrevista. Ele me recebeu com cordialidade e simpatia. É um homem jovem e com a mente aberta. Ele ainda se recordava do caso devido à sua estranheza. Diante disso, fui clara. Expus a ele minhas hipóteses. Falei de mutilações de animais e ETs.
“Para minha surpresa e alegria, o doutor Cuenca ofereceu-se para ajudar em minha pesquisa em tudo o que fosse possível. Ofereci a ele um vasto material que o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores gentilmente me cedera para a ocasião, referente a mutilações de gado por extraterrestres nos Estados Unidos e Canadá, para que o promotor pudesse familiarizar-se com este tipo de fenômeno. Enquanto isso, o doutor Cuenca dava início a uma intensa procura para tentar localizar o processo, já arquivado, do caso. Isso era tarefa difícil, pois não se recordava do número do mesmo que, para dificultar ainda mais, constava nos anais policiais paulistas como de pessoa desconhecida.
“No dia seguinte, um sábado, o doutor Cuenca ligou-me: havia estudado o material que lhe fornecerá e queria discutir o assunto, que achou muito interessante. Mais ainda, disse-me que daria continuidade as investigações do caso e pensava até em pedir a exumação do cadáver para ver as condições do mesmo e o que de novo poderia surgir.
“Infelizmente, quando fui ao cemitério onde o corpo havia sido enterrado (a princípio como indigente), instruída para tanto pelo próprio doutor Cuenca, o mesmo já havia sido exumado e transferido para outro cemitério pela família do morto. Mesmo assim, passados dois meses, o doutor Cuenca conseguiu encontrar o processo e ligou-me, colocando uma cópia a minha disposição. Quando tive o processo em mão, foi como se recebesse um troféu. Era um documento extraordinário para a Ufologia”.
As páginas iniciais do processo que caiu nas mãos de Encarnacion Zapata só despertariam a atenção de leitores muito atentos. “…tendo chegado ao meu conhecimento que, em 29 de setembro de 1988, em horário ignorado, na localidade (omitido) foi encontrado o corpo de um elemento desconhecido, de sexo masculino, branco, aparentando 40 anos, trajando apenas cueca e apresentando deformações por todo o seu corpo e rosto devido a ação de urubus, determino que o senhor escrivão, a meu cargo, assine e rubrique este e demais documentos e instaure competente inquérito policial para a perfeita elucidação dos fatos” – dizia o delegado de policia encarregado do inquérito.
O boletim de ocorrência que fez o primeiro registro do caso também atribuía as mutilações ao provável ataque de urubus. Trazia apenas uma informação adicional importante: “(o cadáver foi encontrado) com deformações por todo o corpo, não havendo no mesmo, entretanto, sinais de violência”. Para Encarnacion Zapata este dado é crucial. “Os policiais e peritos criminais que trataram do caso não encontraram sinais de violência ou luta corporal e nem o menor vestígio que os levasse a uma pista do que acontecera naquele local. Em virtude do corpo achar-se em lugar de difícil acesso e na margem oposta da represa, a autoridade de plantão determinou que o Corpo de Bombeiros o transferisse para local mais acessível. O cadáver não tinha o menor sinal de ter sido amarrado antes ou depois da morte. Não haviam marcas ou rastros ao seu redor.
Apesar deste coloquialismo das autoridades, o laudo necroscópico do cadáver era chocante. Todas as visceras haviam sido retiradas por uma perfuração de apenas 3 centímetros de diâmetro, feita na altura do umbigo, que também fora extirpado; a região do lábio e grande parte da pele do maxilar inferior, bem como a língua e esôfago haviam sido extraídos, com precisão cirúrgica. Haviam sido removidas, ainda, a bolsa escrotal, o anus e o reto da vítima. Os músculos do braço foram retirados por um pequeno orifício de apenas 2 centímetros, feito simetricamente na parte superior dos dois membros. Os médicos que fizeram a necrópsia analisaram também as roupas do cadáver e não encontraram uma única gota de sangue.
O médico que assina o laudo foi entrevistado varias vezes, em diferentes ocasiões, por Encarnacion Zapata. Seu nome é mantido em sigilo. Alguns trechos de seu depoimento são contundentes: “Jamais havia visto nada semelhante. Nem sequer a menção de um caso semelhante. Quando deparamos com casos estranhos procuramos saber se existem noticias de algo parecido. Mas nunca havia ocorrido nada igual. A vitima foi manipulada enquanto vivia. Foi como se alguém tivesse lançado mão de um aspirador, uma máquina de pelo menos 200HP, e arrancado todos os órgãos de uma vez. Imagine que a musculatura foi arrancada separada da pele. Mas como imaginar que alguém pudesse arrancar a musculatura e deixar a pele intacta? Um dos pulmões estava seccionado por um corte em bisel, um corte perfeito. Pelo tipo das incisões encontradas, eu diria que a pessoa que as produziu sabia muito bem o que fazia. No processo criminal um dos policiais que foram ao local afirma que havia uma grande quantidade de urubus sobrevoando a área. Mas nenhum deles se aproximou do cadáver”, afirma o legista.
Diversos médicos legistas, na época, tentaram encontrar explicações para o caso. Mas nenhuma das hipóteses chegou a lugar nenhum.
Laudo Necroscóspico Oficial
“Observamos remoção das regiões orbitárias direita e esquerda, cavidade oral, faringe, orofaringe, região cervical, região axilar direita e esquerda, abdome, pelvis, região iguinal direita e esquerda. Através de incisão bimastoidea vertical e rebatimento do couro cabeludo e da abertura da cavidade segundo técnica de Griessinger, observamos: calota craniana integra, edema cerebral. Remoção da musculatura intercostal a nível de segundo, terceiro, quarto e quinto espaços intercostais esquerdos.
Na cavidade abdominal e quadril ausência de órgãos com remoção de todas as vísceras abdominais evidenciando arrancamento dos órgãos e com reação vital. Na exploração do membro superior direito e esquerdo e membro inferior direito e esquerdo observamos: incisão dos músculos dos braços direito e esquerdo e muscúlos direito e esquerdo com posterior arrancamento de tecido”.
“Podemos observar que no rosto do cadáver ocorreu a retirada de extenso pedaço da pele na parte superior e inferior das mandíbulas produzidos por instrumento cortante. Remoção do pavilhão auricular apresentando corte em bisel (oblíquo) e remoção das partes moles. Remoção parcial do pavilhão auricular esquerdo e com sinais de reação vital. Enucleação dos globos oculares com restos de sangue nas cavidades oculares. Remoção da cavidade oral, faringe e orofaringe”.
“A massa muscular do membro superior direito se acha separada da articulação e deslocada até o terço proximal do braço direito e também se evidencia no antebraço esquerdo”.
“Enucleação da Cicatriz umbilical apresentando orifício circular com aproximadamente 3 cm. O abdomem se acha bastante deprimido”.
“Incisão alargada de formato elíptico com diâmetro de 3xl,5 cm na prega iguinal esquerda. Remoção da bolsa escrotal. Incisão ampla ovalada junto ao períneo e indicativo da intenção de reproduzir um órgão feminino ou de remoção do pênis. Musculatura direita e esquerda retirada do terço proximal”.
Augusto de Moura