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EUA querem ter base na Lua

Em 2004, o presidente Bush anunciou, com grande estardalhaço, planos para construir uma nova espaçonave, voltar à Lua em 2020 e viajar de lá a Marte depois disso. Apesar dos problemas da Nasa, os planejadores delinearão dentro de seis meses o que será preciso no novo veículo para que astronautas possam explorar a superfície lunar.

A Lua não é para estômagos fracos. É um lugar letal, sem atmosfera, bombardeado constantemente por raios cósmicos e micrometeoritos, castigado por uma temperatura que varia centenas de graus e coberto por um lençol de
poeira que pode arruinar trajes espaciais, poluir o suprimento de ar e se incrustar em máquinas, paralisando-as. E isso sem falar do imponderável. Trabalhar em um sexto da gravidade da Terra durante um ano não poderá causar problemas graves de saúde? O que aconteceria se alguém sofresse um ferimento traumático que não pudesse ser tratado por um colega astronauta?

Como as pessoas reagiriam vivendo num espaço minúsculo em condições perigosas durante seis meses? “Muitas patologias se apresentam, e não há ninguém nas Páginas Amarelas”, diz Wendell Mendell, diretor do Departamento para Ciência da Exploração Humana da Nasa. POUCA ÁGUA, MUITA POEIRA De certo modo, a Lua será mais difícil do que Marte.

A poeira da Lua é mais abrasiva; Marte tem atmosfera; Marte tem mais gravidade (um terço da gravidade da Terra); Marte tem muito gelo para um potencial suprimento de água, ao passo que a Lua pode ter água, mas provavelmente não muito. M

esmo assim, a Lua fica muito mais perto – 400 mil
quilômetros de distância, enquanto Marte fica a 54,4 milhões de quilômetros. Se alguém precisar de ajuda na Lua, pode-se chegar lá em apenas três dias. Marte, por sua vez, estará a muitos meses de distância, mesmo com a ajuda de sistemas de propulsão avançados – que ainda não existem.

A distância é uma das razões para a Lua integrar a iniciativa de Bush. A outra é que, se os Estados Unidos não voltarem lá, outros o farão. “A novidade é a China, e eles anunciaram que irão à Lua. Os europeus querem ir; os russos querem ir”, diz o presidente do Mars Institute, Pascal Lee. “Será que poderíamos contornar a Lua e ir para Marte enquanto a Índia e a China vão à Lua? Não creio.”

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Luís Aparício

Luís Aparício

Chefe de redacção, fundador e activista.