A estrela mãe que deu origem à supernova (SN) 1987A possuia 20 vezes a massa do Sol, colocando-a exactamente na linha divisória e deixando os astrónomos na incerteza de qual o tipo de objecto compacto que terá sido produzido por esta explosão. Todas as observações realizadas até à data falharam na detecção de uma fonte de luz no centro dos despojos da supernova, deixando no ar a questão por responder.
Para ver uma imagem da supernova SN 1987A obtida pelo Hubble consulte:
http://www.oal.ul.pt/astronovas/estrelas/ondeesta.jpg
A detecção de um buraco negro ou de uma estrela de neutrões constitui sempre um desafio.
Um buraco negro pode ser detectado apenas quando “engole” matéria –
à medida que a matéria vai caindo para o centro do buraco negro, esta aquece e emite radiação. Uma estrela de neutrões a uma distância equivalente à da Grande Nuvem de Magalhães apenas é detectada quando emite feixes de radiação como um pulsar, ou quando atrai matéria quente como o buraco negro.
Uma estrela de neutrões pode estar localizada dentro da SN 1987A, sem estar a atrair matéria e sem emitir radiação suficiente para ser observada.
Observações efectuadas puseram de parte a possibilidade da existência de um pulsar no interior da (SN) 1987A. Mesmo que os feixes do pulsar não estivessem apontados” à Terra, eles iluminariam as nuvens de gás circundantes.
No entanto, as teorias prevêm que após uma explosão de uma supernova, um pulsar pode levar entre 100 a 100 000 anos a formar-se, pois a estrela de neutrões tem de criar um campo magnético suficientemente forte para despoletar os feixes.
A SN 1987A poderá ser muito nova para possuir um destes objectos. Como resultado, a única maneira de os strónomos detectarem o objecto central seria procurando evidências de matéria a cair para uma estrela de neutrões ou um buraco negro. Esta acreção poderia realizar-se de duas maneiras: numa acreção esférica na qual a matéria cai vinda de todas as direcções, ou numa acreção de disco na qual a matéria proveniente de um disco em torno do objecto compacto move-se em espiral em direcção a ele.
Os dados do Hubble puseram de parte a acreção esférica devido ao facto de a
luz resultante desse processo, se ocorresse, ser suficientemente intensa para ser detectada, o que não se verifica. Se uma acreção de disco está em decurso, a luz que esta produz é muito débil, o que significa que o disco em si terá pouca massa e uma extensão radial pequena.
A falta de radiação detectável também indica que a taxa à qual a acreção de disco ocorre é extremamente pequena – menor que cerca de 1/5 vezes a massa da Lua por ano.
Na ausência de uma detecção definitiva, os astrónomos esperam aprender mais acerca do objecto central estudando as nuvens de poeira que o circundam. Esta poeira absorve a luz visível e ultravioleta e volta a radiar a energia no comprimento de onda dos infravermelhos.
Estudando esta luz “reprocessada”, espera-se encontrar o que está a fornecer energia aos despojos da supernova iluminando assim as poeiras. Observações futuras a realizar pelo telescópio espacial Spitzer, da NASA, deverão providenciar novas pistas para a natureza do objecto escondido.
Observações adicionais do Hubble também poderão auxiliar à resolução deste mistério. O Hubble é o único observatório existente com a capacidade de resolução e sensibilidade requeridas para o estudo deste problema.