Durante os dois anos que esteve em Londres, leccionou na Universidade de Oxford e escreveu e publicou seis diálogos:
Sobre a Causa, principio e Uno
Sobre o Universos Infinito e os mundos
Sobre a ceia de quarta-feira de cinzas
A cabala do cavalo de Pégaso
A expulsão da besta triunfante
Delírios heróicos
Estes ensaios continham os elementos essenciais da sua cosmologia, da sua nova epistemologia, assim como as suas opiniões sobre ética, religião e teologia.
Voltou a Itália para conseguir convencer o novo Papa Clemente VIII, com algumas das suas ideias.
Ao tentar buscar adeptos para o seu pensamento, entabulou conversações com a nobreza e com a aristocracia. Uma daquelas noites, um jovem nobre Giovanni Mocenigo, (que esperava aprender as artes da magia com Bruno) depois de escutar as suas explicações sobre o universos, acusou G.B. de blasfémias perante o Tribunal da Santa Inquisição.
“Eu Giovanni Mocenigo, filho muito ilustre do senhor Marco António, coloco ao vosso dispor de vossos reverendíssimos padres, por impulso da minha consciência e a mando do meu confessor, que ouvi dizer muitas vezes ao G.B, na minha casa que era blasfémia a transfiguração do pão em carne, disse também que nenhuma religião o satisfazia, que era contrário à missa, que Deus não podia fazer distinção entre as pessoas
sob pena de torná-lo imperfeito, que o mundo é eterno e que há infinitos mundos, que Deus cria continuamente e quando quiser, que Cristo só fez aparentes fez milagres, visto ser um mago, como foram os apóstolos e que G.B. é superior a todos eles, também G,B. disse que Cristo repugnava a morte e fez todo para evitá-la e que não há castigo para o pecado, que as almas criadas pela natureza, passam de um anima a outro e assim com os animais também os homens irão nascer outra vez depois de morrer”
Esta acusação levou G.B. a julgamento, sendo condenado primeiro pela Santa Inquisição de Veneza em 1592 e depois 1593 pela Santa Inquisição Romana. G.B respondeu a esta acusação, com a seguinte profissão de fé:
“Creio que o universo é infinito como obra do infinito poder, porque seria indigno a omnipotência de Deus, criar um só mundo finito, podendo criar outros mundos infinitos. Declaro que existem infinitos mundos iguais ao nosso e tal e qual de acordo com o sentir de Pitágoras, creio que em estrelas e outros planetas e demais astros, cujo numero é infinito e que todos esses corpos celestes são inúmeros e que constituem o universo infinito, num espaço infinito com inúmeros mundos.
Assim teremos duas linhas de grandeza infinita no universo e uma múltipla de mundos. Isto parece à primeira vista contrário à verdade e entra em litígio com a fé ortodoxa.
Além do mais, este universo tem uma entidade universal, cuja virtude todos os seres vivem, movem e preservam no seu aperfeiçoamento. Entendo isto em dois sentidos: primeiro; a maneira como a alma está em todo o corpo e em cada uma das suas partes ao qual eu chamo a natureza, sombra ou pisada da Divindade; a segunda, como este Deus em tudo e sobretudo por essência da sua potência, não como parte nem como alma, mas sim como mundo não explicável com palavras.
Além do mais creio que todos os atributos de Deus, são um só no mesmo. De acordo com eminentes teólogos e filósofos concebo três atributos principias; poder; sabedoria e bondade; a melhor expressão; a vontade: conhecimento e amor.
A vontade move todas as coisas, o conhecimento ordena-as e o amor concerta e harmoniza. Assim compreendo a existência de todas as coisas, visto nada existe que não participe da existência nem esta é possível sem a sua existência, da maneira que nada é belo sem beleza e portanto nada pode escapar à divina presença. Assim é por raciocínio e não por verdade substancial, a distinção de Deus.
Creio que o universo com todos os seus seres, vem de uma primeira causa, assim não se deve desprezar o nome da sua criação, a que, segundo compreendo, e Aristóteles se refere, ao dizer que Deus é aquele do qual o universo e a natureza dependem.
Segundo São Tomás tudo depende de uma primeira causa e nada existe que seja independente.
Com respeito à verdadeira fé e isentando-a da filosofia, é necessário acreditar-se na divindade das pessoas e que a sabedoria é filho da mente, chamada pelos filósofos, inteligência e pelos teólogos verbo, tomou carne humana.
Há luz da filosofia duvido destes ensinamentos ortodoxos, apesar de não recordar tê-lo feito entender explicitamente, nem por palavra nem por escrito, mas sim de um modo indirecto, ao falar de outras coisas que com toda a seriedade creio e que se pode demonstrar por natural juízo.
Assim com respeito ao espírito santo ou terceira pessoa, não o compreendo de outra maneira, como seriam entendidos por Salomão e Pitágoras, quer dizer, com a alma do universo, interligado com o universo, visto que segundo Salomão: “O Espírito de Deus enche toda a terra e contem todas as coisas.
Isto concorda em si mesmo com a doutrina Pitagórica, exposta por Virgílio no texto da Eneida “ De este espírito, vida do universo vem a meu entender a vida e a alma de tudo quanto tem vida e alma.
Além do mais creio na imortalidade da alma e do corpo, pois que naquilo que a substância a que se refere, também o corpo é imortal, visto que não existir outra morte que não seja a desagregação, segundo parece inferir a sentença do Eclesiastés que disse: Nada existe de novo de baixo do sol, o que é será”.
Todos somos seus discípulos contra as trevas e os dogmatismos, da ignorância e crueldade, porque o seu fogo no segue iluminando com a sua inteligência e valentia.
Depois de extenuantes e desumanas tentativas que duraram 8 anos de torturas a fim de convencê-lo a retratar-se de algumas de suas teses mais básicas e revolucionárias pelo método inquisitorial,
Em 20 de Janeiro de 1600 o Papa Clemente VIII presidiu à secção de inquisição. G.B. foi condenado, chamou aos inquisidores de caluniadores. Foi excomungado e a igreja resolveu entregá-lo ao governador (como era de costume) com uma carta que dizia “Levai-o e sob a vossa justiça e juízo, para seja devidamente castigado. Mas pedimos que suavize a severidade da condenação de modo não corra perigo de morte e que não se derrame sangue. Assim decidimos os cardeais e inquisidores, cujos nomes estão assinados.
Depois do julgamento G.B. somente disse aos inquisidores “O vosso temor ao pronunciar a minha condenação é superior aquele que eu tenho ao recebê-la”, e no espaço de tempo entre a condenação e a sua morte não disse uma só palavra mais.
G.B. é, por fim, condenado à morte na fogueira, em 16 Fevereiro de 1600, foi levado pela madrugada ao Campo de Fiore, onde lhe foi retirada a roupa e atado a um poste, foi queimado vivo “ para terminar com a sua lamentável vida”.
Em 1889 G.B. recebe um monumento (precisamente onde foi queimado vivo), em Roma, na sua abertura estiveram 30.000 pessoas, todas recordavam o homem que defendeu Copérnico, atribuindo ao sol um papel igual à das milhões de estrelas. Homenageou-se aquele que pensou em mundos ao redor de outros astros que não o Sol, 400 anos que se viesse a descobrir o primeiro. G.B. propôs a existência de outros mundos habitados.
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Igreja foi quem mais defendeu a existência de extraterrestres
O professor universitário do Porto Joaquim Fernandes defende que a Igreja Católica foi quem mais advogou a existência de vida extraterrestre e de outros planetas habitados. Esta é uma das conclusões da tese de doutoramento de Joaquim Fernandes, aprovada por unanimidade pela Faculdade de Letras do Porto e a primeira da Europa que aborda a visão histórica do Ocidente sobre a existência de outros mundos habitados. Segundo o investigador, contactado pela Lusa, já no século XIII os bispos católicos, numa reunião em Paris, aceitavam que a existência de um único planeta habitado, a Terra, punha em causa o poder ilimitado de Deus. Mais tarde, enquanto queimava estudiosos por defenderem que a Terra girava em tomo do Sol, a mesma Igreja Católica continuava a aceitar que muitos outros mundos poderiam existir, habitados mesmo por seres que em nada se pareceriam com os terrestres. O dogma de um Adão feito à imagem e semelhança de Deus caía assim por terra, face à aceitação, por numerosos teólogos, investigadores católicos e clérigos, de que os extraterrestres não precisavam de se assemelhar aos humanos.
Jornal O Público 2005/03/02
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Comentário:
Depois de ao longo de vários séculos de perseguições e pessoas queimadas na fogueira, será é de acreditar que os angélicos dirigentes da igreja são pessoas prafrentex e que até acreditavam em mundos habitados?