A PK, por sua vez, pode ser separada em PK espontânea e PK intencional, consoante o fenómeno é despoletado inconsciente ou intencionalmente.
Casos que se enquadram dentro da classificação de PK espontânea são conhecidos, quase desde tempos imemoriais. Móveis que mudam de local sozinhos, pedras atiradas não se sabe por quem, objectos que se estilhaçam sem que nada lhes toque, objectos que desaparecem sem explicação ou que aparecem não se sabe de onde, materiais que ardem espontaneamente, golpes e agressões a pessoas perpetradas por algo aparentemente invisível, ruídos inexplicáveis, etc, etc, etc.
Durante longos anos, estas situações eram unicamente explicadas com base no divino e sobrenatural: espíritos de pessoas falecidas, duendes, demónios e outras entidades invisíveis.
Mais tarde, e perante a impossibilidade de negação da existência desses fenómenos, foram surgindo estudos e pesquisas que tentavam descobrir a origem e os mecanismos que despoletavam estes acontecimentos.
A Ciência, contudo, colocou fora de questão a explicação sobrenatural, optando por enveredar por explicações naturais relacionadas com a mente, embora com processos ainda desconhecidos.
Uma vez que este tipo de casos não pode ser explicado facilmente através dos conhecimentos da psicologia humana já existentes, foram enquadrados numa área dependente directamente da Psicologia e denominada como Parapsicologia.
A Parapsicologia originou-se na Metapsíquica, conceito desenvolvido pelo conceituado cientista da Universidade de Sourbonne, laureado pelo Prémio Nobel em 1913, Charles Robert Richet (1). Richet definiu-a como a “ciência que tem por objecto fenómenos mecânicos ou psicológicos originados por forças aparentemente inteligentes ou poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana”.
Assim, embora muitas vezes o nome desta ciência seja usada ignorante e oportunistamente, dando azo a que a sua designação seja depreciada e tomada como charlatanice, a Parapsicologia existe como algo de sério e real.
Joseph Banks Rhine (2, 3), biólogo doutorado e membro convidado do Departamento de Psicologia da Universidade de Duke, Carolina do Norte, embora sendo uma pessoa educada sob as normas do cepticismo e da racionalidade, foi uma das primeiras que se dedicou a provar cientificamente a existência dos fenómenos parapsicológicos.
Em casos, como estes, em que não é possível provar detalhadamente o processo que leva à realização do fenómeno, a sua comprovação só pode ser obtida através da acumulação de dados controlados e estatisticamente tratados (4).
Para quem desconhece completamente o processo, vou dar um exemplo prático, muito simplificado. Imaginemos que se pretende saber se uma determinada reacção física nos humanos é provocada pela exposição a uma certa substância, mas não se faz ideia de como se despoleta essa reacção. A comprovação pode ser feita, confirmando que todos os que apresentam a reacção estiveram expostos à substância e que aquela substância é a única que é comum a todos os casos. Se assim for podemos concluir que é essa substância que desencadeia a reacção, mesmo que não conheçamos o seu processo de funcionamento.
No caso, de todas as pessoas que apresentam a reacção terem estado expostas a mais do que uma substância passível de causar essa mesma reacção, terá de ser feito um estudo por eliminatória. Retira-se uma das substâncias do contacto e verificamos se a reacção continua ou desaparece.
Ao confirmarmos que a reacção surge única e exclusivamente perante o contacto com uma determinada substância, podemos concluir que está relacionada com ela. Quanto maior o número de pessoas que apresentam a reacção em contacto com a tal substância, mais sólida é a certeza de que é ela que a provoca.
Os estudos em que participou o Dr. J.B. Rhine foram baseados na observação de casos e tratamento estatístico dos dados obtidos. Foram realizados 33 estudos que envolviam cerca de um milhão de ensaios com protocolos rigorosos. Desses 33 estudos, 27 obtiveram resultados estatísticos significativos, o que é uma percentagem excepcionalmente elevada. Nos anos seguintes, esses mesmos estudos foram repetidos em diferentes laboratórios independentes, com 61% de resultados significativos. Embora um pouco mais baixos (existem sempre pequenas variações cada vez que se repete uma experiência), estes resultados continuam a ser muito conclusivos.
Ao longo dos anos, muitos outros cientistas de renome internacional, em especial psicólogos, médicos e físicos, muitos deles ligados às Universidades mais respeitadas como Harvard, Oxford, Cambridge, etc, dedicaram muito do seu tempo ao estudo destes fenómenos numa tentativa de os explicarem.
Infelizmente, como em muitos outros casos, até hoje apenas se pode levantar hipóteses que, com mais ou menos probabilidade, podem ser a explicação; mas sobre um facto não restam dúvidas: o fenómeno existe.
Com base em vários estudos, a comunidade científica defende oficialmente que a força responsável pelo movimento dos objectos é proveniente da energia dum ser humano presente no local dos acontecimentos ( 5).
Um exemplo disso é o chamado fenómeno “poltergeist” (6,7 e 8), designação que significa espírito barulhento (em alemão) e que sugere facilmente a explicação que era dada inicialmente a este tipo de fenómeno.
Actualmente continua a estudar-se, não a veracidade do fenómeno, dado que é um facto mais do que comprovado, mas o seu processo de funcionamento.
É do conhecimento geral que já existem métodos em que através de eléctrodos ligados a capacetes, um paciente paraplégico envia a um computador “ordens” de movimento, incluindo da cadeira de rodas.
Assim, o único problema na PK é descobrir-se o meio, através do qual uma determinada energia gerada pelo cérebro pode interferir com a matéria, sem aparentemente manter contacto físico com ela, directa ou indirectamente (9).
Convém frisar no entanto, que infelizmente e talvez desde que a PK é conhecida, sempre têm existido fraudes e oportunismo à volta deste fenómeno, tal como sempre existiram á volta de todo e qualquer acontecimento inexplicável.
Contudo, o facto de muitos alegados casos de PK poderem ser fraudulentos, não podemos invalidar ou negar a existência deste fenómeno.
Randi, o ilusionista
Há quem diga que James Randi foi o sucessor de Houdini.
Mágico de carreira, diz-se que com sucesso internacional durante uns tempos, após o início da decadência, encontrou um novo motivo para viver: atacar Uri Geller (muito mais jovem, elegante e bonito) e negar todo e qualquer fenómeno cujo mecanismo não consegue compreender. Para ele tudo são truques de mágica.
Carl Sagan, seu amigo, piedosamente fez esta apreciação: “Como todos nós, ele (Randi) é imperfeito: às vezes Randi é intolerante e arrogante, incapaz de empatia para com as fraquezas humanas que estão por baixo da credulidade.”
Digo piedosamente porque, como amigo que era, omitiu a verdade: Randi é um ignorante prepotente, que insiste em ser ignorante e não faz, nem quer fazer, ideia da vastidão daquilo que desconhece.
Chegou ao ponto de oferecer publicamente 1 milhão de dólares a quem se submetesse à sua comprovação “científica” (?) de possuir poderes sobrenaturais.
Como poderia o ilusionista Randi preparar testes científicos se ele é completamente ignorante em Ciência? E como poderia alguém preparar testes científicos precisos para o sobrenatural, tendo em conta que a Ciência estuda o natural?
Randi desconhece física, medicina, psicologia, estatística (que seria o único método seguro de provar alguma coisa num campo cujos mecanismos desconhecemos) etc, etc.
Randi conhece e domina o ilusionismo. Pelo menos, espero que nisso ele seja capaz.
Há dois dias, tive o desprazer de vê-lo num documentário sobre PK. Qual Pai Natal semi-enlouquecido (ao bom estilo de Quevedo a chamar o Diabo) vociferava contra as colheres dobradas do Uri Geller. E acrescentava: – Alguns cientistas afirmaram que existem alguns poderes inexplicáveis em Uri Geller, mas os cientistas são só cientistas, não são mágicos.
E eu acrescento: – Ufa! Ainda bem!
E ainda bem que o Randi não é cientista (se é que alguma vez poderia lá chegar) e é só mágico, pois se assim não fosse, e se dependesse dele, nem a existência do ADN seria conhecida.
Como compreenderia ele que um pai e uma mãe de olhos castanhos, por vezes podem ter um filho de olhos azuis.
Acusá-los-ia imediatamente de truque de mágica. Daqueles que ele afirma ensinar aos meninos de 12 anos, mas que nunca nos explica a nós.
Que existem charlatães é uma realidade. Em todos os campos, desde a economia, à literatura, à medicina passando pela política e claro, pelo ilusionismo.
Que Randi odeia Geller é outra realidade. As razões?
Huummm? Sabe-se lá …
O ser mais jovem, bonito e charmoso poderão ser algumas delas. O sucesso … outra.
Quase todo o mundo sabe quem é Uri Geller. E Randi? Quem o conhece?
Se era tão competente como mágico porque será ele conhecido o homem do “Desafio do Milhão de Dólares para um Paranormal”? Será que na realidade o desafio foi uma manobra de marketing e só começou a ser muito conhecido internacionalmente depois disso?
Deve ser duro para alguém que durante anos reinou no mundo da fantasia, ser ultrapassado e sentir-se completamente impotente perante um concorrente tão mais poderoso.
Mas não é a acérrima luta contra Uri Geller que faz de Randi um ignorante. É antes a generalização e negação teimosa de realidades que todos sabemos serem genuínas (muitos de nós com conhecimento de causa), como a telecinesia (TK) entre outras.
(Insisto em TK, em detrimento de PK, porque não estou completamente convencida (nem está comprovado) que todos os casos de movimentação de objectos e outros se devem à mente humana)
O que faz de Randi um ignorante é insistir em ignorar factos que cientistas de renome (não mágicos, felizmente) comprovaram ser uma realidade, embora não consigam explicar convenientemente o mecanismo que os provoca.
Ignorante, porque é completamente estanque ao conhecimento, está genuinamente convencido de que sabe tudo e que todos os conhecimentos do Universo já estão na posse do Homem e em especial dele.
E este é o pior tipo de ignorância. A ignorância inflexível, rígida, com palas nos olhos, que não admite a sua pequenez. É a ignorância paralisada. A ignorância com Botox.
E para descontrair, não deixem de consultar:
http://desciclopedia.org/wiki/James_Randi
No fundo, no fundo, Randi é isso.
Fátima Rocha
http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1913/richet-bio.html
http://www.espiritnet.com.br/Biografias/biogrhin.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Banks_Rhine
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estat%C3%ADstica
http://www.clap.org.br/artigos/assombracao/a_poltergeist.asp
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/poltergeist-ainda-um-misterio.html
http://gepp.pe.tripod.com/A%20Psicologia%20do%20Poltergeist.pdf
http://www.parapsicologia.org.br/fatima-1.htm
http://www.neuroquantology.com/journal/index.php/nq/article/view/200
http://www.answers.com/topic/jr-william-george-roll
http://findarticles.com/p/articles/mi_m2320/is_1_64/ai_65076869/pg_1?tag=artBody;col1#
http://www.healthsystem.virginia.edu/internet/personalitystudies/publicationslinks/alvarado-martinez-taboas-ejp-poltergeist-agents-1981.pdf