Fátima este ano de 2005 esteve igualmente cheia de peregrinos e tinha como atracão a consagração do papado de Bento XVI à virgem de Fátima. Essa cerimónia feita pelo Patriarcado de Lisboa, marcou o ponto máximo das celebrações.
Na imagem à direita está o Prof. José Medeiros, Luis Aparicio e Pablo V. Mauso em Fátima
Pelo caminho, vimos filas de pessoas que com os seus coletes fluorescentes, percorriam muitos quilómetros desde as suas terras. Encontramos também a Cruz Vermelha dando assistência aos necessitados de terapia nos pés. Vimos também um sem número de carros com as inscrições “Carro de apoio aos peregrinos da terra tal”, viaturas do género Ford Transit.
Nos parques de estacionamento à volta do santuário havia um enorme acampamento, cheio de camionetas com toldo e sacos de batatas no chão, caravanas ultra caras, tendas de pobres que não tinham capacidade de ir para o hotel etc.
Lembramos que Fátima tem 8.000 habitantes e 10.000 camas de hotel, mais um sem número de igrejas e conventos. Fátima é por isso o maior centro de oração na Europa, que se mantém ao longo de todo o ano sempre em actividade.
No santuário, vimos e cheiramos as toneladas de velas que são lançadas para a fogueira, para o pagamento de promessas, causando poluição e um irresponsável e desnecessário gasto de recursos energéticos
À volta da capelinha das aparições, pessoas de bruços arrastavam-se no sentido contrário aos dos ponteiros do relógio, causando-nos arrepios e lágrimas de ver aquele espectáculo de pagamento de promessas. Outras pessoas de joelhos percorriam a mesma rota, amparadas pelos familiares.
Na imagem ao lado encontra-se Luis Aparicio e Pablo Virrarubia Mauso em Fátima
Nessa rota a igreja tinha mandado colocar pedras lisas, para facilitar e tornar mais branda o pagamento das promessas. Ao lado na grande pala que protegia a capela das aparições, e onde está a bala que vitimou João Paulo II preza à coroa da imagem da virgem, um sacerdote dizia missa em alemão.
A TVI, estava lá, e fazia passar milhares de metros de cabos, quatro grandes camiões para o processamento do sinal da TVI estavam perto do santuário e dezenas de técnicos trabalhavam na montagem daquele equipamento.
Imagem ao lado tem uma das muitas recordações com que ficamos e dá-nos arrepios de ver este sofrimento, de bruços a arrastar-se
Quando lá estivemos às 11 horas da manhã ainda não estava cheio o recinto, mas à noite vimos na TVI que esse numero aumentou muito, pensa-se que mais de 200.000 pessoas comprimiam-se, para assistir às cerimónias.
Depois fomos fazer a continuação da nossa peregrinação comercial, não sem antes, no recinto das pequenas lojas, uma senhora estar a lamentar-se que tinha sido roubada, por algum carteirista. Nas ruas adjacentes, pedintes cegos, estendiam a caixa de esmola e arrumadores de automóveis, estendiam o braço para algum espaço vazio.
O comércio tinha quantidades fabulosas de lembranças sobre Fátima, desde livros sobre o que aconteceu em 1917 até copos dourados que custavam 180 Euros.
Toda aquela gente deixa lá imenso dinheiro e a meio da grande parada em frente ao Santuário de Fátima, estava em construção uma gigante estrutura denominada Igreja da Santíssima Trindade, com capacidade para albergar mais de 10.000 pessoas, nessas obras trabalham actualmente 250 pessoas.
Deixamos aquela zona e deslocámo-nos até ao Valinho, local onde pela primeira vez apareceu o anjo aos pastorinhos em 1916. Desde a povoação do Valinho até ao local da aparição do anjo, foi construída uma rua, ofertada por peregrinos da Hungria nos anos 60.
No local da aparição do anjo, uma mulher rapinava, folhas de um sobreiro que estava dentro da cerca, onde estavam as figuras em pedras, representativas desse acontecimento, provocando a ira geral, por aquele bárbaro acto contra aquela silenciosa testemunha da visita do anjo. Visitamos a seguir o museu etnográfico do Valinho e tentamos ainda visitar a casa da Lúcia, sem sucesso, devido à longa fila que estava cá fora.
Fora da casa da Lúcia, havia um curral com ovelhas que iam comendo as folhas de oliveira que os peregrinos lhe iam deitando, trazidas não sei donde.
O tempo voava e fomos para Tomar, ao encontro de outros que já conhecíamos, entre eles uma cineasta Brasileira que estava a fazer o guião para um filme sobre os Templários. Aqui tivemos mais uma vez a mestria das palavras de José Medeiros
No dia seguinte voltamos Alcobaça, aí os ensinamentos do Prof. José Medeiros, levaram-nos à compreensão do simbolismo daqueles trabalhos em pedra que não nos tínhamos apercebido antes em visitas anteriores. Eis a sua análise que nos fez sobre a entrada no mosteiro:
Imagem da janela do Capitulo no Convento de Tomar
“O interior da grande nave é o caminho solar, a meio da grande nave a mudança de polaridade é indicada pela mudança das colunas, quando os 12 apóstolos se libertam e, como discípulos, adquirem o poder, transmitido pelo mestre. Aí, o templo manifesta-se e a força da coroa, dividida pelas 12 casas, governará de acorde com a ordem cósmica. A emoção supera o instinto e a percepção comunica novas realidades, apenas adivinhadas pelos sentidos. No transepto, pelo sul, na câmara do silêncio, onde repousam os que passaram a porta dos mortos iluminados pelas sete esferas, a meditação indicará se foi correcta a gestão do lapso de tempo que nos foi concedido para fazermos o caminho, nesta esfera.
O projecto individual obedece a outras leis e pode terminar em qualquer momento. Dos que passaram em corpo ficou a imagem, mas perdeu-se a memória”
De seguida fomos para o mosteiro da Batalha e mais uma vez, tornamos a ter uma perspectiva diferente sobre o interior daquele velho monumento, que à primeira vista seria mais uma igreja, eis algumas das suas palavras:
“O peregrino inicia o caminho pela via do meio até à lapide da dupla morte onde pela meditação domina Saturno e Júpiter, pela direita conduzidos por Marte na via solar, vamos ao encontro da Imperatriz e do Imperador na sua partilha mística da morte, reunidos num só tumulo para que o casamento alquímico se realize, as duas polaridades se reencontrem num só ser e a obra seja completa. A via marcial é iniciada pelo equilíbrio entre os opostos, o exterior e o interior, o masculino e o feminino, o positivo e o negativo que , reunidos num todo serão a energia em acção que pelo plexo solar alimentará o guerreiro ao longo do caminho. O rei e a rainha pelo combate e pelo estudo, pela espada e pela pena atingiram a unidade”
No dia seguinte (sabado) fui ter com o Pablo aos Restauradores e daí seguimos para Sintra e da parte da manhã visitamos a Quinta da Regaleira com os seus dois poços iniciáticos, numa visita guiada por este Professor que falou da simbologia que o Carvalho Monteiro imprimiu ao Gótico Manuelino.
José Medeiros, deu-mos a seguinte informação, No ano de 2000 um amigo dele estava parado na passagem de nível do Sabugo, perto de Sintra à espera que o comboio passasse. Para seu espanto notou que uma luz vinha do céu em sua direcção, essa luz veio parar por cima do veículo onde ele estava sentado ao volante. Notou pelo retrovisor que mais automobilistas atrás dele viram também essa luz. Perante aquele espectáculo de luz, este automobilista, tentou sair cá para fora para poder ver a grandiosidade daquela luz que estava por cima do carro, parado na passagem de nível do Sabugo.
Como é lógico nestas alturas e atendendo à nossa maneira de sair-mos dum carro, primeiro colocamos o pé esquerdo de fora. Logo que isso aconteceu as suas calças de terylene, começaram logo de imediato a encarquilhar, até à altura da perna onde foi banhada pela luz.
De seguida, as calças naquela zona da perna começaram a ficar quebradiças, tendo ao vim de poucos segundos, desfeito-se em pó.
Perante esta situação este automobilista, quando viu a perna da calça naquele estado, já não quis sair do carro e fechou a porta, mal a cancela abriu, saíu dali a toda a velocidade.
É de salientar que nem as meias, nem os sapatos foram afectados, tendo este automobilista, chegado a casa, com uma perna da calça mais alta que outra, para espanto da sua esposa.
Não duvidamos da cena que o Prof. José Medeiros nos contou, ficamos sim a pensar que tecnologia era essa que permite a destruição de tecidos, afectando só o terylene.
Luís Aparício