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Moradas Celestes. O Imaginário Extraterrestre na Cultura Portuguesa ( séculos XVII-XIX)

 

“O livro apresenta as conceções de autores portugueses sobre o nosso lugar no cosmos, as perspetivas da vida fora do planeta e a imaginação de outros seres, inteligências e formas de vida na lua, planetas ou cometas”, explicou.

Uma das ideias nucleares apresentadas pelo autor é a da “gravitação universal”, proposta pelo médico lisboeta António Luís, em 1540, mais de um século antes de Isaac Newton (1687).

Joaquim Fernandes desvendou ainda que o padre António Vieira defendeu, no século XVII, que o céu não era azul, bem antes da primeira explicação científica fundamentada pelo físico inglês John Tyndall.

Outra das revelações é a intuição do clérigo teatino Rafael Bluteau (1638-1734) que antecipou a existência dos satélites de Marte, descrita por Jonathan Swift, em 1727, nas “Viagens de Gulliver”, e 161 anos antes da sua verificação por telescópio, pelo norte-americano Asaph Hall.

O investigador falou ainda na tese da reencarnação e da metempsicose enunciada pela Marquesa de Alorna, a poetisa Leonor de Almeida, que sonha peregrinar de “estrela em estrela”, depois de deixar este mundo.

“A Marquesa de Alorna expressa, claramente, na sua poesia, a ideia ousadíssima da reencarnação, defendendo que quando morremos renascemos noutros corpos sob novas formas”, frisou.

No século XVIII, Joaquim Fernandes relembrou que o padre Inácio Monteiro avançou com a ideia vanguardista da possibilidade de existência de outros seres vivos que nada têm a ver com a nossa aparência antropomórfica.

“Não respeita a ideia de que todos os seres vivos derivam do casal original do jardim do Éden”, acrescentou.

Joaquim Fernandes defendeu que estas ideias, que afetaram toda a trajetória da cultura e da ciência ocidental, foram precocemente anunciadas e pensadas em Portugal.

Na opinião do autor, o mérito dos autores portugueses foi terem avançado “ousadamente” com alguns conceitos hipotéticos que, posteriormente, acabaram por ser demonstrados em termos científicos.

O investigador revelou que a obra, resultado da sua tese de doutoramento, é um conjunto de descrições e representações colhidas em textos religiosos, filosóficos, ficção, literatura e poesia, envolvendo mais de  um mil har de referências bibliográficas.

Popõe-se o historiador  prosseguir o estudo desta temática numa próxima obra que abrange os séculos XIX e XX. ” 

O lançamento deste livro ” Moradas Celestes. O Imaginário Extraterrestre na Cultura Portuguesa ( séculos XVII-XIX)”  (ed. Âncora Editora, Lisboa, 2014) , será apresentado pelo prof. Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa que irá apresentar no dia 27 de Março 2014 em Lisboa, na Livraria Ler Devagar, pelas 18,30h.

 No conjunto desta investigação são dados a conhecer factos pioneiros da história da Astronomia enunciados por pensadores portugueses dos séculos XVII ao XIX:

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Luís Aparício

Luís Aparício

Chefe de redacção, fundador e activista.