Medrosamente, Rivalino foi ver o que era, mas nada encontrou. Posteriormente, passaram quase toda a noite em claro, pois ouviram vozes humanas “grossas e enroladas” que diziam pretender matar Rivalino quando este saísse. Escutaram ainda um ruído semelhante a um despertador.
Na manhã seguinte, às seis horas, Raimundo abriu a porta, vendo dois pequenos e estranhos objetos de 50 cm, a poucos metros de distância e suspensos no ar. Um era negro fosco e o outro rajado de branco e preto. Possuíam uma espécie de apêndices tubulares que apontavam para a porta do casebre.
O menino chamou o pai. Rivalino apareceu e disse-lhe:
-“Não sei. O que será aquilo?”
Dirigiu-se vagarosamente para os objetos desconhecidos. À aproximação de Rivalino os dois objetos uniram-se e, com som surdo, começaram a girar em conjunto, levantando um redemoinho de poeira amarela que o envolveu completamente, mas não ao menino.
Levantou-se vento em espiral ascendente impedindo que Raimundo divisasse qualquer coisa. Quando isto cessou, Rivalino havia desaparecido.
O menino correu a procurar um amigo de seu pai, João de Miranda, funcionário de uma fábrica distante. Quando este chegou a Duas Pontes viu que o local do desaparecimento, em área de 5 metros de raio encontrava-se como se tivesse sido cuidadosamente varrido.
Iniciaram-se as buscas policiais inclusive com cães amestrados vindos de Belo Horizonte.
O cônego José Garcia, embora cético sobre as declarações do menino, informou que, na semana anterior à ocorrência vira “duas bolas de fogo voando em círculos a grande e baixa altura, exatamente sobre o local do casebre de Rivalino”.
Os exames médicos, psiquiátricos e psicológicos nada apuraram contra o relato do menino e revelaram tratar-se de criança normal, embora analfabeta. Ele e seus irmãos foram internados em instituto de proteção e educação de desvalidos, pois já eram órfãos de mãe.
As declarações do menino foram prestadas ante sacerdotes, juiz de direito, delegados, médicos, psiquiatras, psicólogos, investigadores, sem que fossem surpreendidas mistificações, inseguranças, etc.
Escreve o destacado investigador brasileiro, Húlvio Brant Aleixo, em correspondência do autor:
“Alegava que seu pai , Rivalino tinha desaparecido ante seus olhos, cercado pelo redemoinho levantado pelo objeto… chorava mansamente, convencido que seu pai jamais retornaria… Após seis meses de investigação infrutífera, surgiu a notícia de que o esqueleto de Rivalino fora encontrado”. Eram ossos completamente descarnados, sem vestígio de outra matéria que não a óssea de impossível identificação. Prossegue Húlvio Brant Aleixo.
-“Se a ossada pertencesse a Rivalino, como não fora encontrado seu cadáver, durante as investigações policiais? Como explicar a ossada totalmente limpa? Como explicar ainda que menino absolutamente analfabeto, sem contato com os meios habituais de informações (vizinhança, escolas, rádio, cinema, televisão, etc.) fosse capaz de imaginar a existência de pequenos discos voadores parecendo tele-comandados e conhecidos principalmente pelos investigadores especializados na matéria? Se tudo visasse esconder crime de terceiros, por que criar tal aparato sensacionalista, tornando as investigações policiais mais severas?”.
Rivalino era pessoa muito pobre, sem inimigos conhecidos, sem habilitações para preparar coisas tão estranhas para justificar uma fuga do casebre e o abandono dos filhos que mantinha, na coincidência de haverem aparecido as duas bolas de fogo em torno de sua residência. Há seis anos (Nota: 1968) passados, nenhum vestígio dele foi encontrado”.
COMENTÁRIO
Alberto Francisco do Carmo
Quando este caso ocorreu o grupo do CICOANI era relativamente novo, fundado que fora em 1954, mas ainda sem experiência de casos mais expressivos. Encontros e visão de tripulantes, discos, sondas, chupacabras, etc., eram coisas que ainda não tínhamos experiência e/ou idéia. Húlvio ainda não havia se formado em Psicologia. E eu estava concluindo o Curso Científico.
Tinha 20 anos e trabalhava também. Não participei da investigação do caso. Apenas ouvi relatos de Húlvio, assim como li o noticiário da época. Estava muito ocupado e cansado.
Ler o caso, quarenta e quatro anos depois, leva-nos a constatações e reflexões inesperadas. Por exemplo, essa espécie de prelúdio ao seqüestro e desaparição: o vulto visto DENTRO DE CASA, mas que depois não foi mais visto ao ser procurado por Rivalino, as vozes estranhas falando em matar o mesmo, tudo nos parece – à vista do que sabemos hoje sobre atitudes de despiste dos OVNIS e seus operadores – que tudo pode indicar que quem planejou o seqüestro (e que pelo jeito não era deste mundo) adicionou alguns dados ao contexto de modo a confundir tanto as testemunhas quanto os investigadores, deixando alguns indícios até tentadores que mais tarde se encaixariam na hipótese de um crime comum.
Mas que é relevante que de forma alguma uma ossada, ainda que de Rivalino (se existissem, os testes de DNA poderiam confirmar a identidade) NÃO PODERIA ESTAR DESCARNADA. A não ser que tivesse sido descarnada ARTIFICIALMENTE. Aqui nos lembramos de um caso, cremos que de 1968, ocorrido no Colorado, quando um cavalo chamado “Snoopy” foi encontrado morto, com as entranhas retiradas, carne impregnada por algo de cheiro estranho. Formigas que tentaram comer a carne do cadáver jaziam mortas também em torno da carcaça. Mas, e aí coincidência, do pescoço para cima, toda a caveira do cavalo estava também TOTALMENTE DESCARNADA.
Quimicamente, em termos de nossos conhecimentos , isto é possível, tratando qualquer cadáver com soda caústica, ou quem sabe, com potassa caústica. Portanto, tanto no caso da ossada de Diamantina, quanto no caso de Snoopy, faltou análise para descobrir se as ossadas haviam sido tratadas por soda cáustico ou outro corrosivo alcalino.
Outra substância corrosiva não poderia ser usada se atacasse o cálcio dos ossos. Portanto não poderia ser algum ácido, que destruiria a carne e os ossos também. Vide o caso do famoso “vampiro de Londres” famoso “serial killer” que matava mulheres e sumia com seus cadáveres dissolvendo-os em ácido sulfúrico. Só foi descoberto quando a Scotland Yard descobriu fragmentos de ossos humanos em seu esgoto. Portanto, ácidos, não.
A visão do vulto a movimentar-se algo como um quadrúmano (símio) dentro de casa, pode ter relação com uma aparição ainda discreta de seres da categoria dos chupacabras. Mas aqui ficaria uma dica: até hoje são seres mais conhecidos pelo seu comportamento animalesco e sanguinário. Aqui haveria um indício de que são seres também capazes de atitudes mais “inteligentes” como imitar vozes humanas e até produzir um ruído como despertador. E seu pouco respeito a seres vivos aqui também se verificaria…
Por acaso, um dos últimos casos investigados por Húlvio Brant Aleixo foi de um “chupacabras” que assaltava galinheiros na periferia de Belo Horizonte. O estranho ser que vestia algo como um cinturão-suspensório amarelo, mas com aparência semelhante ao de um orangotango. Portanto era simiesco mas usava artefatos.
E o lugar cheirava a alho, o que poderia indicar a presença de ozônio, produzido por exemplo pela passagem de oxigênio entre placas carregadas eletrostaticamente. Então, mais um indício de que chupacabras têm algo de “homo habilis” também…
Este caso poderia ser retomado, pois o menino de ontem, deve ser hoje um senhor na casa dos seus cinqüenta e poucos anos, talvez cinqüenta e seis, pois tinha doze anos em 1962.
Também uma pesquisa poderia ser feita nos arquivos microfilmados dos Diários Associados, que estão em Belo Horizonte. Temos a impressão que vimos estas notícias (porque foram várias as matérias) no Diário da Tarde, mas também podem ter aparecido no Estado de Minas. O acesso aos microfilmes é relativamente fácil e estão no Bairro de Santa Efigênia em Belo Horizonte. Mas a busca poderia se estender a outros jornais como o O Diário (Diário Católico) e Diário de Minas. Mas aí teríamos de recorrer ao Arquivo Mineiro, pois não sabemos do destino desses outros jornais, hoje extintos.
Restariam também pesquisas nos arquivos da Polícia Civil de Minas Gerais, no ano de 1962, a partir de agosto/setembro de 1962. O encontro da ossada já deve ter ocorrido em meados de 1963. Restaria também saber o destino dos quatro irmãos de Raimundo, filhos de Rivalino, portanto. Algum educandário nas vizinhanças de Diamantina? No antigo Instituto João Pinheiro? São possibilidades.
É possível que o caso esteja bem documentado nos arquivos de Húlvio Brant Aleixo. Mas obter isto agora é outra história, diante do seu recente falecimento.
Alberto Francisco do Carmo
PepeChaqves
UFOVIA