A descoberta foi feita pelo astrónomo português Pedro Augusto, do GAUM, em colaboração com um investigador inglês da Universidade de Durham, Alastair Edge, e uma investigadora americana do National Radio Astronomy Observatory, Claire Chandler.
Os cientistas descobriram esta nova rádio galáxia, que reside na «super-galáxia» central do Enxame de Galáxias (conjunto de entre cem e dez mil galáxias) Abell 2390, situado num extremo da constelação Pegasus, a pouco mais de dois mil milhões de anos-luz.
Esta nova descoberta será publicada na edição de 21 de Março da revista internacional Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Uma rádio galáxia é uma galáxia normal (conjunto de estrelas, gás e poeiras em equilíbrio gravitacional) mas com forte emissão de ondas de rádio, uma das muitas possibilidades de propagação no espaço das ondas electromagnéticas.
Às várias possibilidades de propagação de ondas electromagnéticas no espaço dá-se o nome de espectro electromagnético, que vai da conhecida «luz» (radiação óptica) aos raios X ou Gama, passando pelo rádio, micro-ondas, infra-vermelho e ultra-violeta.
Assim, a rádio galáxia é uma galáxia com uma emissão na banda rádio do espectro electromagnético pelo menos mil vezes mais forte do que no óptico, explica um documento enviado pelo GAUM.
Esta galáxia é cerca de 300 mil vezes mais fraca do que a estrela mais fraca visível a olho nú.
Até agora os investigadores sabiam apenas «que tinha no centro um forte ponto emissor na banda rádio do espectro electromagnético».
O astrónomo português e a sua equipa examinaram pela primeira vez este ponto e descobriram tratar-se de uma estrutura simétrica típica de uma rádio galáxia: um núcleo central brilhante e dois jactos de plasma (matéria que surge a temperaturas superiores a 5.000 Cº) diametralmente opostos que dele saem.
Esta galáxia, com um tamanho total de menos de nove mil anos-luz, cobre apenas uma pequena percentagem da super-galáxia hospedeira, que atinge os 250 mil-anos luz de dimensão máxima, três vezes maior do que a Via Láctea.
Devido ao seu pequeno tamanho, os autores da descoberta acreditam que a nova rádio galáxia é jovem, tendo apenas cinco mil anos de idade, quando a idade de rádio galáxias mais «maduras» é de cerca de mil milhões de anos.
São muito raras as rádio galáxias jovens no centro de enxames de galáxias, pelo que a descoberta pode abrir um novo caminho para a compreensão da formação de enxames e galáxias em geral.
Para conseguirem as imagens detalhadas, os três investigadores recorreram aos melhores interferómetros-rádio (conjunto de rádio telescópios que operam de forma coordenada) disponíveis a nível mundial.
Diário Digital / Lusa
10-03-2006 17:39:00
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