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Saturno, o segredo dos anéis

Um charme para quem pode exibir uma coleção de sete anéis coloridos e quase meia centena de luas de diversas formas e dimensões.

Quem pode, pode: em todo o Sistema Solar, Saturno é de longe o campeão de esquisitices. E não pára de revelar novidades, as mais atuais desvendadas pela missão Cassini-Huygens – perambulando ao redor de Saturno, uma dessas sondas mergulhou na lua Titã. E foi quem mais chegou perto para tentar explicar os adereços cósmicos saturnianos.
Patrocinada pela Agência Espacial Européia (360 milhões de euros), pela
Agência Espacial Americana (2,1 bilhões de euros) e pela Agência Espacial
Italiana (145 milhões de euros), a missão está planejada para durar até 2008 e tem como propósito elucidar a composição química dos sete anéis, desvendar a fonte que mantém aquecido o coração de Saturno e, claro, investigar a existência de novas luas.

“Essa é a mais extraordinária missão dos últimos tempos. E é extraordinária por causa dos mistérios de Saturno e das condições excepcionais de sua lua Titã. Ela é um dos quatro raros pontos do Sistema Solar onde existe possibilidade de haver vida, seja no subsolo, seja na superfície”, diz o astrofísico Amâncio Friaça, da Universidade de São Paulo.

A sonda Huygens, que ainda circula entre o manto de nuvens amareladas de Titã, marca o pouso mais longínquo de uma missão espacial. Depois do fracasso de sua missão a Marte, há dois anos, os europeus festejam agora o sucesso da expedição titânica. Ao mergulhar durante duas horas nessa lua gigante, a nave observou a sua atmosfera, gravou sons e tirou fotos de um mundo fantástico e importante por suas semelhanças com os primórdios da Terra há 4,5 bilhões de anos, pouco antes de a vida aqui surgir.

Isso não significa que necessariamente haja vida na lua Titã, “só que ali existem as condições químicas e biológicas necessárias para que a vida brote”, diz o astrofísico Friaça.
Para conhecer esse mundo exótico de Saturno, o planeta que é o senhor dos anéis, é preciso desvendar também os segredos dessas maravilhas cósmicas.

Assim, um time composto por nada menos que 260 cientistas e dez mil engenheiros de 19 países também se debruça sobre a rara coleção de dados recolhidos sobre o misterioso mundo desses anéis. Eles são, assim, ainda um livro aberto para a astronomia. O insólito desse mundo onde um dia dura pouco mais de dez horas, onde o clima é o que há de mais próximo ao inferno e no qual os ventos ultrapassam 1,6 mil quilômetros por hora, todos esses enigmas estão mesmo nos segredos dos anéis congelados.

Desde que avistados pela primeira vez pelo telescópio de Galileu Galilei (1564-1642), os sete anéis de gelo e rocha permanecem um quebra-cabeça. O próprio astrônomo italiano ficou intrigado com o que chamou de “azeitonas”: as esferas que via em ambos os lados do planeta e que pareciam fixas no espaço. Galileu morreria sem elucidar como esses pequenos objetos surgiam e desapareciam sem deixar o menor rastro.

Em seus famosos diários, escreveu: “Saturno devorou os seus filhos.” Galileu referia-se ao deus mitológico Saturno que engoliu os filhos, com exceção de Júpiter – mais tarde rei do Olimpo e senhor de deuses e homens.

As naves espaciais americanas Voyager 1 e 2, que por ali viajaram em 1980 e 1981, trouxeram à tona mais dúvidas do que respostas. Apesar disso, captaram imagens emblemáticas. Boa parte do que se sabe sobre os anéis batizados com letras do alfabeto se deve a elas. Formados por blocos de gelo microscópicos e outros do tamanho de icebergs que se revolvem sem parar, os anéis de Saturno se parecem com as faixas de um disco de música. E até a profusão sem fim de luas tem a ver com os anéis.

Algumas dessas luas, como Pan, Pandora e Prometeu, foram apelidadas de “pastoras” porque o seu papel é garantir a estabilidade de alguns dos anéis. Um dos mais importantes segredos desvendados é que esses anéis podem ser aquilo que restou de grandes luas espatifadas sob o impacto de cometas e asteróides. Outras teorias dizem que eles seriam os vestígios de luas que não conseguiram se constituir por inteiro. Como se disse, os anéis de Saturno são ainda um livro aberto para os estudos científicos.

Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/

Astronomia
Terça, 14 de fevereiro de 2006, 17h37
Sonda Cassini registra tempestade em Saturno

Divulgação

Tempestade nos anéis de Saturno tem cerca de 3.500 km de diâmetro
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A sonda Cassini da Agência Espacial Americana (Nasa) registrou a cena de uma tempestade e a formação de outras nuvens nos anéis do planeta Saturno. A tempestade foi originada possivelmente através de emissões de descargas elétricas sobre a atmosfera de Saturno.

A Cassini começou a perceber as descargas elétricas nos anéis no último dia 23. Porém, segundo a Nasa, a sonda estava no lugar errado para se tirar boas imagens da tempestade, que tem uma dimensão de cerca de 3 mil e 500 quilômetros. A imagem foi registrada no dia 27 de janeiro.
Por Darlene Menconi

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Luís Aparício

Luís Aparício

Chefe de redacção, fundador e activista.