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Sol alterado em 1954 e em 1980 na Asseiceira

Até que ponto a professora fazia aquele pedido e até que ponto esse pedido era-lhe pedido ou impregnado, não sabemos ao certo.

O certo é que o Carlos Delgado, vinha para fora da escola, para junto de loureiro, com um colega orar, visto que não gostava de orar à frente dos outros.
No dia 16 de Maio de 1954, ele ouviu um ramalhar no loureiro. Olhou para cima e viu uma senhora pequenina disse-lhe “não fujas, não tenhas medo meu filho eu sou a mãe do redentor”. O colega dele chamado Carreira fugiu para a escola quando ouviu o ramalhar do loureiro, e ficou só o Carlos olhando para aquilo que ele descreveu como “uma boneca de anos em ponto pequenino”, esta anunciou-lhe uma nova visita para o dia 16 do mês seguinte.

Mais uma vez temos aqui um dos elementos mais característicos das aparições marianas, o vidente afasta-se, (quase que podíamos dizer é lhe sugerido que se afaste) vai para um sítio mais ermo e sobre um elemento vegetal aparece-lhe uma entidade feminina muito linda.

Primeira aparição

Mas como sempre, há sempre uma pré aparição, no dia anterior o Carlos encontrava-se a estudar na sua casa com a janela aberta e olhou para uma casa ali perto e sobre o telhado viu a sombra de uma mulher pouco visível, quase como um nuvem transparente. A única coisa visível eram as mãos erguidas e o rosário de contas pendurado. Essa figura parecia estar na ponta do beiral e caminhava até à outra ponta, movia-se devagar e acabou por desaparecer.

Depois desta aparição outras se seguiram todos os meses no dia 16 até 16 de Dezembro de 1954. Nesta penúltima aparição mais de 40.000 pessoas, vindas de todas as partes do país, avançaram até à Asseiceira, por todos os lados.

As pessoas depois de passarem por aqueles campos, chegavam à Asseiceira, com as botas e sapatos cheios de terra, as calças dos homens e as saias e as pernas das mulheres estavam na sua generalidade pesados com tanta terra.
Alguns dos mais azarentos, caíam por terra e apareciam com a roupa encharcada de terra. Os habitantes da Asseiceira faziam o que podiam para os ajudar.

A GNR (Guarda Nacional Republicana) e o Exército tinham bloqueado as estradas, a A1, a única estrada que ligava o Porto a Lisboa e passava mesmo no centro da Asseiceira estava sem circulação. O governo de então não queria mais concorrências para com Fátima.

A aparição mariana de Vilar Chão

Em 11 de Outubro1946 tinha havido outra grande aparição em Vilar Chão no concelho de Alfândega da Fé a 420 Km a Nordeste de Lisboa e na qual estiveram presentes mais de 40.000 pessoas, depois dos muitos milagres e curas que tinham acontecido, onde a vidente Amélia Natividade Fontes foi o centro catalizador.

Decerto que o governo de Oliveira Salazar já era conhecedor do mar de gente que se tinha junto na Asseiceira nos outros dias 16 dos meses precedentes entre Maio e Dezembro de 1954, por isso de metro a metro foi colocado um GNR, eram largas centenas de praças, mais os GNRs a cavalo que circundavam a Asseiceira.

Muitos praças da GNR, diziam para as pessoas não empurrarem, mas eles iam dando um passo atrás porque que eles também queriam ver. As pessoas, perante aquilo, forçavam um pouco mais e conseguiram aproximar-se mais do centro.

Inexplicavelmente o exercito Português, também foi deslocado para afastar as pessoas da Asseiceira, mas algo correu mal com os seus elementos, mais de metade foi hospitalizado, porquê?, não se sabe. Desde 1910 que o exército não tinha sido empregue contra a população. Havia medo no ar e o governo estava a utilizar todos os recursos para a afastar as pessoas da Asseiceira.

A senhora com 70 cm de altura

Nesse dia 16 de Dezembro de 1954, foi o dia mais prolífero em acontecimentos insólitos, às 14.23 horas muita gente viu uma bonequinha, a que muitos apelidaram de Nª Sra, com 70 cm de altura. Muitos também puderam ver o anjo que acompanhava a Nª Sra.
Na noite anterior as pessoas poderão presenciar uma procissão de luzes de velas, no ar. Eram só as luzes das velas, nada mais, não havia gente fisicamente.
Também nos dias 15 para 16 de Junho a Dezembro durante a noite eram vistas luzes anormais durante a noite que se deslocavam no céu nocturno.

Assemelha-se esta vertente da aparição mariana, as luzes nocturnas com o caso de Zeitoum no Egipto, talvez a aparição mais importante de sempre.

Voltando aos acontecimentos no dia 16 de Dezembro, muitas pessoas que não puderam chegar mais perto do centro, mas quase todos viram chamas de vela oscilando no altar.

Mais uma das constantes nas aparições marianas, os videntes fazem altares e andores, ou porque lhe é pedido ou porque, como neste caso, por iniciativa própria. Mas atendendo que muitas vezes é pedido aos videntes que façam altares, será que no caso do Carlos, este não terá sido instigado interiormente para a construção do altar?

Essas luzes, ficaram no altar e resistiam a ser apagadas pela GNR. Antes das 14 horas esta força policial tinha retirado do altar que o vidente no dia anterior lá tinha feito, todos os santinhos em papel e todas as velas acesas.
Essas luzes de velas iam-se acendendo e apagando, conforme a Senhora andava dum lado para o outro no altar.

Muitas outras pessoas tiveram a possibilidade de ver a Senhora vestida de branco ou cor-de-rosa segundo outros e com um manto azul, as mãos estavam postas em sinal de oração, pendendo delas um rosário que terminava em cruz. Outras pessoas só viram o anjo, também de altura reduzida.

Algumas pessoas ouviam um zzzz, um zom zom e uma voz muito fina saíam do tronco do loureiro, enquanto se desenrolava os acontecimentos em terra com o Carlos de joelhos, junto ao altar, agora só com os plásticos.

Depois veio o espectáculo final o sol oscilava, permitia que se olha-se para ele de frente e não feria a vista, desse astro começaram a ser emitidos raios coloridos.
Este espectáculo, não se repetiu em 16 de Janeiro de 1955, mas a Senhora ainda apareceu esta última vez em Janeiro.

O pequeno vidente foi crescendo, namorou, casou e teve dois filhos. O seu elan diferenciava-o das outras pessoas, algo de especial era perceptível e as pessoas continuavam a reunir-se com ele todos os dia 16 de cada mês às 14.23 horas para iniciarem a reza do terço. Quando ele não podia aparecer deixava uma fita magnética gravada e os fiéis seguiam as suas palavras.

Depois de casar disse para a esposa Célia Ribeiro Soares Delgado, vamos ter só dois filhos, um fica contigo e outro fica comigo. Parecia que advinhava o futuro.
Empregou-se no B.P.A. e aos domingos costumava voltar à Asseiceira.
No dia 9 de Novembro de 1980, quando voltou à Asseiceira, encontrou o irmão doente, sem possibilidade de sair de casa.
O irmão comercializava carvão vegetal e o Carlos Delgado, propôs-se ir fazer a distribuição do carvão naquele domingo, para auxiliar o irmão retido em casa por doença.
As máquinas necessitam de pessoas que conheçam o seu comportamento e o azar bateu-lhe à porta. Para piorar a situação, tinha levado o filho com ele.
O Carlos não teve domínio na viatura e teve um acidente morrendo logo de imediato, por capotamento, o filho que seguia ao seu lado, morreu seis meses depois devido às sequelas do acidente.

Cumpriu-se o destino, ficou a viúva e a filha. O Carlos levou o filho com ele.

Portanto o Carlos Delgado, morreu a 9 e no domingo seguinte a 16 de Novembro de 1980, dia utilizado para as cerimónias comemorativas, que inclui a reza do terço e a procissão.

O sol modifica-se

Muita gente veio à Asseiceira com dois objectivos, comemorar a aparição mariana dos dias 16 e porque era domingo, vieram solidarizar-se com a viúva e a filha, apresentando-lhe os pêsames devido à morte do Carlos, visto este ter morrido no domingo anterior.

Aconteceu algo que deixou todos estupefactos, no início da reza do terço, apareceu desenhada nas nuvens a cara do Carlos, alguns conseguiram ver, mas outros incluindo a viúva dizem que não conseguiram vislumbrar essa representação.
Mas houve algo que todos viram, os mais velhos diziam que era o mesmo espectáculo que tinha acontecido em 16 de Dezembro de 1954.


Luis Aparicio, o tio a viúva do vidente Célia Ribeiro
Imagem tirada por Simão Pires

Começaram a aparecer sinais no sol, este que até aqui tinha a sua aparência normal, passou a ser possível ser visto e ser olhado de frente sem ferir a vista.
Do sol saíam diversos cores, azuis, verdes, amarelos, vermelhos, etc, que inundavam os presentes e a Asseiceira.
Foi algo que muitos ainda recordam como se fosse um milagre, outros dizem era o adeus do Carlos e para isso algo lá no céu fez aquela encenação.
Ainda hoje em 2007 se reza o terço e no final se faz a procissão.

Comemorar os 50 anos

Parece que a Asseiceira, não ficou esquecida e lá no alto, sabem bem do nosso calendário, conhecem os dias dos nossos meses, se são 30 ou 31, conhecem também se os anos são bissextos, somos uma folha aberta. Do alto, não se esquecem daquela terra à beira da ex Estrada Nacional 1, mesmo que agora a paisagem urbanística tenha sido muito alterada.

As aparições iniciais, foram em 1954, portanto de 1954 e 2004, são 50 anos. No nosso sistema decimal o número cinquenta, é um marco comemorativo, ao qual atribuímos alguma importância.

No dia 16 de Janeiro de 2004, depois de se ter iniciado o terço, apareceu uma nuvem por cima da Asseiceira. O céu estava todo azul celeste. Ocasionalmente passava uma nuvem isolada em altitude. Aviões, também viajando em altitude, eram vistos passar.

Aquela nuvem permaneceu ali parada por cima da Asseiceira, as outras nuvens e os aviões, serviam de medida de aferição. As perguntas apareciam, se os aviões passavam porque é que aquela nuvem, estava parada, somente por cima da Asseiceira?
Se algumas nuvens passavam em altitude, porque é que aquela nuvem permanecia por cima do local da oração?

Era mesmo estranha aquela nuvem, dava a impressão que a sua periferia era feita com os fumos iguais aos aviões a jacto que viajam em altitude.
Quando foi percepcionada pela primeira vez pelas pessoas em terra, dava a impressão que tinha a forma redonda, com os tais fumos ou nevoeiros à volta.

Formou-se um coração

Depois e continuando com a sua cor branca, deu a impressão que se dividiu em duas ou uma outra nuvem redonda se veio juntas à primeira. Formaram-se dois círculos, como se fosse um coração.
A sua altitude situar-se-ia a cerca de 1000 metros, segundo um ex militar da Força Aérea Portuguesa. O diâmetro desse círculo que de inicio seria na ordem dos 10 metros veio progressivamente a aumentar até ficar em cerca de 50 metros.

A cor branca contrastava com o azul celeste e os bordos dessa nuvem continuavam a ser parecidos com os fumos que saem dos aviões.
As cerimónias feitas pelas pessoas dessa localidade, sem a presença de qualquer sacerdote, católico continuaram até às 16 horas.
No fim desta liturgia a nuvem, começou a deslocar-se para sul lentamente.

O que era aquilo que ali tinha estado, perguntavam as pessoas? Era possivelmente algo que nunca tinham presenciado. Parecia que esse algo veio assistir às cerimónias e no fim foi-se embora. Esse algo transformou as nuvens em coração.

Voltamos à percepção daqueles que no alto conhecem da nossa civilização. O símbolo coração, quer dizer, eu amo-te, eu estou contigo.

Será que do alto, vieram abraçar e comemorar com os devotos fiéis, os cinquenta anos da aparição de 1954?

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Luís Aparício

Luís Aparício

Chefe de redacção, fundador e activista.