A primeira circunstância é que foi divulgada pela Televisión de La Universidad Catolica (TV-UC), Canal 13, de Santiago do Chile, uma emissora séria e ligada à Igreja Católica.
A segunda é que as imagens mostradas foram atribuídas ao satélite Goes-8, permitindo que qualquer espécie de fraude pudesse ser desmentida pela própria Nasa.
A terceira é que existem casos idênticos, com imagens também captadas pelo Goes, um deles nos Estados Unidos, tendo sido a causa, ao que tudo indica, de um alerta geral de nível quase máximo (DEFCON-4) nas forças armadas do país mais poderoso do mundo. As imagens foram mostradas no último dia 26 de Janeiro de 1999 pela TV-UC, de Santiago.
Segundo a emissora, foram captadas em 1992 e 1996 pelo satélite Goes-8, em órbita estacionária em torno da Terra. A primeira série de imagens foi captada no dia 17 de Julho de 1992 e mostram claramente um ovni em forma de disco, com 400 km de diâmetro, sobre o Oceano Pacífico, na altura da costa chilena.
Essas imagens foram cedidas à emissora pelo Serviço Aéreo Fotométrico, uma empresa de mapeamento aéreo com sede em Santiago. Nessa ocasião, o Goes-8 estava em órbita a 36 mil km sobre o solo terrestre.
Segundo as análises técnicas divulgadas pela TV-UC, o ovni estaria à mesma velocidade do satélite, cerca de 10 mil km/h. O segundo vídeo mostrado foi captaso, segundo a emissora, pelo Goes em 7 de Abril de 1996. Embora o objecto tenha desaparecido rapidamente do alcance do satélite, as suas imagens foram gravadas pelo Centro Meteorológico Regional de Antofagasta, um órgão do governo chileno.
Elas mostram, segundo a TV-UC, um imenso ovni parado sobre a costa brasileira. Durante a transmissão, as imagens foram analisadas para os telespectadores por técnicos do Comitê de Estudos de Fenómenos Aéreos Anômalos (CEFAA), composto de cientistas de agências governamentais, ovnilogistas e oficiais da Força Aérea Chilena.
ALERTA NOS EUA
Os dois vídeos mostrados pela televisão chilena não são casos isolados. No dia 17 de abril, os Estados Unidos foram tomados por uma grande agitação, quando circulou oficialmente entre os jornalistas a notícia de que o satélite Goes-9 (sucessor do Goes-8) havia fotografado “um objecto incomum muito grande” sobre o Alasca. Essas imagens teriam sido captadas por volta do meio-dia.
Uma foto, muito nítida, chegou a ser colocada no site oficial do Serviço de Meteorologia, na Internet, que faz o acompanhamento constante das imagens do satélite Goes.
Meia-hora depois, uma segunda foto colocada na Internet mostrava que o imenso objecto havia se deslocado e estava sobre as ilhas Vancouver, no Canadá.
Minutos depois, outra foto mostrava um novo deslocamento do objecto, estacionado, então, a grande altura mas a uma distância de apenas 80 km a oeste de São Francisco, Califórnia.
Outra foto, colocada no site do satélite Goes logo em seguida, mostrava um novo objecto sobre o Alasca. Os dois objectos, em forma de disco, tinham cerca de 40 km de diâmetro: dez vezes menores que os mostrados pela televisão chilena, mas, mesmo assim, muito grandes para serem qualquer espécie de aeronave conhecida.
No mesmo dia, às 18 horas, um comunicado oficial do Federal Bureau of Investigations (FBI) anunciou o início de um alerta, em virtude da existência de uma “ameaça potencial” ao NORAD (Comando de Defesa Aérea da América do Norte), localizado nas Montanhas Cheyenne, 104 km ao sul de Denver, Colorado.
DEFCON-4 – O major general Jeff Grime, comandante do Centro de Operações do NORAD nas Montanhas Cheyenne deu uma entrevista à imprensa e informou que não havia nenhuma ameaça à cidade próxima, Colorado Springs, ou a qualquer outra instalação militar nas redondezas, acrescentando: “a ameaça está inteiramente centrada aqui”.
Segundo comentou o major general, estavam a ser tomadas medidas de precaução para proteger as 1.100 pessoas da base. As informações que circulavam entre os jornalistas diziam que o alerta era um DEFCON-4 – mais alto que ele só o DEFCON-5, exclusivo para o caso de ameaça nuclear.
Um dia depois, dia 18, sexta-feira, com o NORAD ainda em alerta, as fotos do Goes-9 desapareceram da Internet, o que aumentou a tensão e as especulações por todo o país e pelo mundo. Mais tarde havia tantas especulações que os cientistas responsáveis pelo Goes-9 tiveram que dar uma explicação oficial.
Segundo eles, o “objecto” não era um “objecto”, mas o resultado visual de problemas ocorridos com o software do computador que controla o satélite meteorológico. Afirmaram que esses defeitos fizeram aparecer imagens nas fotos que foram confundidas com “objectos”.
Na época, as explicações dos cientistas responsáveis pelo Goes-9 não foram bem assimiladas.
Algumas perguntas ficaram no ar. Como, por exemplo, cientistas tão experientes puderam confundir um “objecto” na foto com imagens provocadas pelo software?
Outra: por que levaram dois dias para dar a explicação oficial?
Por que usaram a palavra “objecto” em todos os primeiros comunicados oficiais, inclusive informando que tinha 40 km de largura, e depois negaram que fosse um “objecto”?
Quanto aos motivos do alerta DEFCON-4 em Colorado Springs, o porta- voz do NORAD, Frank Webster, entrevistado pela agência de notícias Reuters, negou-se a fazer qualquer comentário sobre os seus motivos. Apenas confirmou que aconteceu.
O caso acabou por ficar por aí, como costuma acontecer quando os avistamentos de ovnis envolvem órgãos oficiais e, principalmente, militares.
Agora, no entanto, os dois vídeos mostrados pela TV-UC do Chile dão uma nova dimensão ao assunto. Ou será possível que o software do Goes-8 tenha tido, em 1992 e 1996, os mesmos problemas de seu sucessor, o Goes-9, em 1997? Parece difícil.
Além disso, desde 1997 está no ar a credibilidade do FBI, do NORAD e dos cientistas responsáveis pelos satélites Goes: poderiam eles ter iniciado um DEFCON-4 baseados em defeitos tão simples do software e que demoraram dois dias para serem percebidos?