O estranho, segundo os cientistas, é a existência de um ponto quente no pólo, e não na região do equador, como acontece na Terra. Isso indica que o calor no pólo sul de Enceladus tem origem interna, segundo cientistas que acompanham a viagem da sonda Cassini-Huygens a Saturno e seus satélites.
Eles admitem que não sabem explicar o fenômeno. “Não deveria ser tão quente”, disse John Spencer, um dos cientistas do projeto. “É como sobrevoar a Antártida e descobrir que ela é mais quente que as regiões equatoriais da Terra. É estranho assim.”
A sonda Cassini foi lançada em 1997 e atualmente envia para a Terra dados recolhidos na região de Saturno. Ela já sobrevoou Enceladus três vezes ¿ a última delas em 14 de julho, quando passou a apenas 175 quilômetros do pequeno e gelado astro.
Os cientistas esperavam que a temperatura da lua fosse de aproximadamente 80 graus Kelvin (-193ºC) no seu ponto mais quente, que supostamente seria perto do equador. Ao invés disso, descobriram que o calor se concentrava no pólo sul, onde a temperatura atingia 91 graus Kelvin perto de uma série de fissuras, ou “riscas de tigre”, na superfície do satélite.
Os cientistas têm duas teorias para explicar essa zona de calor. A primeira é de que o calor vem de material radioativo subterrâneo. A outra é de que seja causado por marés gravitacionais.
Entretanto, eles admitem que nenhuma dessas teorias explica adequadamente o calor. “Não temos nada que possamos chamar ainda de uma hipótese completa”, disse Torrence Johnson, da Nasa, que participa do projeto junto com as agências espaciais da União Européia e da Itália.
A Cassini vem enviando imagens espetaculares de Saturno, de seus anéis e de suas luas desde o ano passado, quando chegou à região. Ela também lançou uma sonda que posou na superfície de Titan, uma das 31 luas conhecidas do planeta.